Aby Warburg

Ao longo da Idade Média, desenvolveu-se de forma intensa a prática do deslocamento de pessoas a locais considerados sagrados, de modo que no século XIV esta já se encontrava plenamente difundida. Em nosso estudo, discutimos a participação dos citadinos neste movimento de peregrinação, adotando como fonte de análise o conjunto de contos reunidos na narrativa inglesa The Canterbury Tales, escrita por Geoffrey Chaucer em fins do século XIV. Partimos, assim, da premissa de que, em uma peregrinação cujos membros pertencem essencialmente ao ambiente urbano, sua identidade constituir-se-ia primordialmente a partir da representação de seus ofícios. Ao pensarmos as peregrinações, é possível identificar quatro características centrais: a viagem física em si, o contato com uma realidade sagrada ao fim da caminhada, a celebração das provações do caminho percorrido e a recompensa por seu esforço na forma de benefícios, espirituais ou físicos. Além disso, podemos levantar três motivações principais que impulsionavam os homens a lançarem-se às peregrinações: a penitência, imposta até mesmo pelo confessor, a busca de uma graça ou cura e a procura de relíquias, que também teria colocado reis e nobres a caminho dos lugares santos. 2 A peregrinação conduzia as pessoas por lugares novos, nos quais eram desconhecidas e, portanto, não tinham laços. Eram estrangeiros porque se afastavam de seu lugar de origem. Este era um aspecto central, pois, sendo os laços de parentesco e de vizinhança um aspecto intrínseco à mentalidade medieval, tornava-se essencial permanecer em um lugar fixo no seio de uma comunidade. Numa tentativa de manter esses laços, a peregrinação era comumente uma opção coletiva. Muitos desses viajantes procuravam organizar-se em grupos cujos membros mantinham relações sociais, fossem parentes, amigos ou membros de corporações e brought to you by CORE View metadata, citation and similar papers at core.ac.uk

file:///Users/marcioseligmann/Downloads/17.ALEA_v27n3_Selligman.pdf
Este texto é dedicado a Vera Casa Nova. Foi escrito para ser apresentado no "Seminário Georges Didi-Huberman: reverberações das suas ideias", realizado no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp nos dias 22 e 23 de novembro de 2016. Esse encontro contou com a participação essencial de Vera Casa Nova. Sem ela, esse encontro nunca teria acontecido. A ela a teoria literária brasileira deve a convergência e a confraternização entre as letras e as imagens. Como tradutora e divulgadora da obra de Georges Didi-Huberman, ela também contribuiu para todas as humanidades deste país. A ela gostaria de deixar gravado aqui todo meu e nosso eterno carinho e agradecimento. Sua generosidade ímpar, seu talento como artista e poeta, fazem dela uma figura única, chave na nossa atualidade tão carente de coragem e de inteligência. Atentando para as normas editoriais de Alea, o texto apresentado no evento configurou-se em duas partes. Este artigo constitui a primeira delas. Numa próxima edição da revista, aparecerá a segunda, intitulada "Imagens sublimes e temporalidades do trauma em Georges Didi-Huberman: imaginar o inimaginável".

The article analyzes the work of theorist Georges Didi-Huberman, focusing on his approach to “sublime images” and the “temporality of trauma,” in dialogue with thinkers such as Freud, A. Warburg, and W. Benjamin. Didi-Huberman explores the sublime as an aesthetic category that captures the impact of images that freeze time and inscribe traumatic memories, often associated with historical violence. The text traces the evolution of the concept of the sublime from Antiquity, with Longinus, to its modern reformulation by Burke, Mendelssohn, and others, highlighting its connection with trauma, which emerges in the 20th century as a central metaphor to express subjectivity in a context of catastrophes. Influenced by Warburg, Freud, and Benjamin, DidiHuberman rejects an aestheticizing view of art, emphasizing its capacity to reveal cultural “horror” and the “repressed.” Through concepts such as Warburg’s Pathosformel, he explores how images carry traces of violence and pain, functioning as archives of collective memory. The sublime, in this sense, is reinterpreted as a disruptive force that confronts the viewer with death and chaos, but also as a means of “domesticating the horrible,” as proposed by Nietzsche. The article highlights Didi-Huberman’s reluctance to explicitly adopt the concept “sublime,” preferring approaches that emphasize the materiality and complex temporality of images. Thus, his work proposes an archaeology of images that interweaves art, trauma, and history, challenging harmonious narratives and revealing the fractures of modernity.

With this note, Fabio Tononi outlines the reception of Aby Warburg’s ideas in Portugal, examining their presence in translations, academic research, exhibitions and teaching. While Warburgian studies in Portugal are limited in scope, they have contributed to disseminating his concepts and facilitating a broader dialogue between art history, cultural memory, and visual studies.

lugar común señalar la influencia de oriente y occidente en Farabeuf (1965), 1 quizá tanto como decir que en esta obra todo confluye hacia el cuerpo humano (Bruce-novoa: 54). 2 en mi opinión ambas cosas son ciertas. efectivamente, en Farabeuf o la crónica de un instante Salvador elizondo ha creado una obra en la que todo sucede alrededor del cuerpo humano. es un texto que apela directamente a los sentidos creando no una sino muchas atmósferas. en Farabeuf la palabra "autopsia" es la metáfora exacta para analizar el relato: "autopsia" es un término que jamás se nombra pero que está flotando en la atmósfera de la narración. A través de los diversos puntos de vista de sus narradores-narradoras (Farabeuf y la mujer, multiplicados 1 Esta obra fue galardonada con el Premio Javier Villaurrutia en 1965. Todas las citas pertenecen a la edición de 1985. 2 Es de sobra conocida la gestación de Farabeuf a partir de la impresión que experimentó Elizondo ante la serie de tres fotografías del supliciado chino que aparecen publicadas en las lágrimas de eros (1961) de Georges Bataille, así como la influencia de otras obras de dicho autor del cual Salvador Elizondo tradujo la obra madame edwarda; otra fuente de inspiración reconocida es muerte sin fin (1952) de José Gorostiza; con menor frecuencia se la relaciona con Pedro Páramo (1955) y Aura (1962), cf. Durán 1973; pero una influencia que ha pasado inadvertida para la crítica es la de James Joyce, específicamente la de Ulises (1922), obra sobre la cual Elizondo afirmó: "Ulises no es ni un a priori ni un a posteriori sobre la vida o sobre la conducta de los hombres, es el presente histórico [...] se admite generalmente que la idea que provoca el nacimiento [...] del lenguaje joyceano [es] la concepción de la conciencia como un devenir continuo de la percepción [...] En Ulises no se trata , a la larga, sino del cuerpo humano que [...] es el sujeto de la percepción" (Elizondo 1959: 98-99).

Este artículo analiza las implicaciones teóricas de investigar la imagen contemporánea del arte como aparición, y cómo su estudio puede desafiar los límites de la disciplina dela historia del arte. Con el fin de alcanzar este propósito, nos enfocaremos en las reflexiones y conceptos que han sido presentados por Aby Warburg, Walter Benjaminy Didi-Huberman en la historia, la filosofía y el arte. Entre ellos se encuentran el concepto de aparecer y las nociones operativas de Nachleben y Pathosformel. Desde esta perspectiva, se sugiere que la imagen es una aparición singular que puede trans-formar, cuestionar y revitalizar los procesos históricos y culturales, especialmente aquellos atravesados por la violencia que determinan el carácter trágico de la cultura. Asimismo, se aborda la relevancia de revitalizar la “inteligibilidad histórica de las imágenes” y cómo las memorias y las metamorfosis se vinculan en el carácter sensible de la aparición. Este escrito proporciona una perspectiva sobre el papel de la imagen contemporánea, con el propósito de examinar cómo en sus múltiples transformacio- nes se encuentran síntomas, seísmos y ondas traumáticas que nos invitan a considerar las fuerzas y formas del pasado, cuyas reminiscencias y estremecimientos se presentan en la plasticidad del presente

O objetivo deste artigo é apresentar a atividade de Gilda de Mello e Souza (1919-2005) em seus últimos ensaios como um dos mais reinventivos exercícios críticos que temos sobre literatura, espetáculo, artes visuais, escultura, fotografia, cinema e dança. Para isso, analisamos o conjunto dos ensaios presente em A idéia e o figurado (2005). Por um lado, sugerimos três elementos estruturais da crítica da ensaísta, a saber, “o objeto concreto”, “os traços desimportantes” e “a decifração de códigos”; por outro lado, buscamos relacionar essas estruturas, respectivamente, à formação da revista Clima, à proximidade ao método indiciário de Giovanni Morelli e à aplicação permanente e relativa da iconografia e da iconologia de Erwin Panofsky. Acreditamos que, em A idéia e o figurado, a crítica de Mello e Souza constrói-se, no mínimo, pela presença desses três elementos supracitados, além de aclimatar e atualizar as abordagens desses dois críticos de arte, reinventando a reflexão artística brasileira de seu tempo e porvir.

Neste ensaio sugerimos que a análise iconológica desempenhada por Gilda de Mello e Souza (1919-2005), a qual privilegia os objetos particulares e a valorização dos detalhes, se aproxima da de Aby Warburg (1866-1929), consideradas as devidas distâncias e relativizações. Argumentamos que, em oposição à análise estritamente formalista das imagens, ambos os intelectuais apontam em suas análises para um resgate da vida social a fim de compreender a arte, há muito preconizada pelo historiador da arte suíço Jacob Burckhardt (1818-1897).

O presente texto endossa a suspeita de Bento Prado Jr. (1937-2007) de que haveria certa continuidade entre os temas e o estilo de Mário de Andrade (1893-1945) e Gilda de Mello e Souza (1919-2005). Tomando a música como paradigma, ao retomar, uma a uma, as relações temáticas propostas por Prado Jr., propõe-se pensar o conceito marioandradiano de inacabado como um elemento da estética de Gilda. Espera-se, com isso, contribuir para uma compreensão mais aprofundada da forma ensaística em nossa autora enquanto um posicionamento, mais do que teórico, social.

Neste artigo defendemos que a formação intelectual de Gilda de Mello e Souza deu-se de maneira artesanal, refinando assim a caracterização geral, elaborada por Heloisa Pontes, em Destinos mistos (1998), de que os principais integrantes do grupo Clima detinham um conhecimento especializado. Para tanto, levantamos alguns dados biográficos de Gilda e discutimos três situações coletivas, a saber, gênero, locus e geração, articulando-os com a sua produção ficcional e crítica, a fim de mostrar, de modo introdutório, que tanto sua formação intelectual foi assistemática e suas "ferramentas" de análise foram desprezadas academicamente, quanto foi tardio o reconhecimento de seu pensamento.

This is a little gem of a book, that will be enjoyed by children of all ages. It is precisely what its title proclaims: that is, it is a book which pictures in colour all the dinosaur stamps that have been issued by all postal administrations in the world to date.

Questo saggio intende fornire una lettura di alcuni aspetti degli studi di Aby Warburg. La produzione scientifica riguardo allo studioso tedesco è cospicua. Cercheremo di inquadrare il pensiero warburghiano attraverso la lente del mito. Focalizzeremo la nostra ricerca sulla madre delle Muse, celebrata da Warburg nei suoi lasciti intellettuali più importanti: la sua biblioteca Mnemosyne e l’Atlas Mnemosyne.

This essay aims to provide a reading of certain aspects of Aby Warburg’s studies. The scientific production regarding the German scholar is substantial. We will attempt to frame Warburg’s thought through the lens of myth. Our research will focus on the mother of the Muses, celebrated by Warburg in his most important intellectual legacies: his library Mnemosyne and the Atlas Mnemosyne.

Este artigo levanta questões relativas a produção poética em verso do escritor suíço Gottfried Keller (1819-1890), pouco examinada no Brasil. Mais conhecido como exímio autor de novelas, deu seus primeiros passos na literatura como poeta. Não há notícias, porém, de que alguma de suas poesias tenha sido traduzida para o português brasileiro. O desafio, portanto, é fazer uma tradução-crítica de um dos trabalhos em verso de Keller (no caso "Venus von Milo"). A escolha do suíço como objeto de estudo relaciona-se com minha pesquisa de mestrado, na qual analiso uma de suas novelas, Kleider machen Leute (1874). Meu enfoque, na escrita dissertativa que realizo concomitantemente a esse ensaio, é o conceito de fetiche pela mercadoria (der Warenfetischismu) que já estaria presente na narrativa.

Resumo: O projeto Paisagens Fantasma toma a árvore de quina (Cinchona officinalis) e seu alcalóide, a quinina, como operadores conceituais que articulam memórias coloniais e espectros de violência em escala global. Saqueada das florestas andinas, a quina conectou América, Europa, África e Ásia em redes de extração, poder e resistência, originando o primeiro modelo de produção agroindustrial e, posteriormente, o primeiro cartel farmacêutico em escala global. Neste ensaio visual, apresentamos fragmentos de dois trabalhos que integram o projeto: 1. O curta experimental MA-QUINA, de Sebastian Wiedemann e Alexis Milonopoulos; 2. Artefatos roubados, um conjunto de imagens de espécies de quina doados anonimamente ao Centro de Malestares Tropicales, em um gesto típico do ativismo arquivístico.

The project Disappearing Landscape takes the cinchona tree (Cinchona officinalis) and its alkaloid, quinine, as a conceptual
operator that articulates colonial memories and specters of violence on a global scale. Looted from the Andean forests, cinchona
connected the Americas, Europe, Africa, and Asia through networks of extraction, power, and resistance, giving rise to the first model
of agro-industrial production and, later, the first global pharmaceutical cartel. In this visual essay, we present fragments of two works
that are part of the project: (1) the experimental short film MA-QUINA, by Sebastian Wiedemann and Alexis Milonopoulos; and (2)
Stolen Artifacts, a series of images of cinchona specimens anonymously donated to the Centro de Malestares Tropicales, in a gesture
typical of archival activism.

El proyecto Paisajes Fantasma toma el árbol de quina (Cinchona officinalis) y su alcaloide, la quinina, como operadores
conceptuales que articulan memorias coloniales y espectros de violencia a escala global. Saqueada de los bosques andinos, la quina
conectó América, Europa, África y Asia en redes de extracción, poder y resistencia, creando el primer modelo de producción
agroindustrial y, posteriormente, el primer cartel farmacéutico en nível global. En este ensayo visual presentamos fragmentos de dos
trabajos que integran el proyecto: (1) el cortometraje experimental MA-QUINA, de Sebastian Wiedemann y Alexis Milonopoulos; y (2)
Artefactos robados, un conjunto de imágenes de especies de quina donadas anónimamente al Centro de Malestares Tropicales, en
un gesto propio del activismo archivístico

No regime iconográfico contemporâneo em que habitamos, as categorias de imagens artísticas e imagens científicas ainda são atuais? Talvez devêssemos pensá-las como categorias operacionais, mais do que ontológicas, destinadas a diferenciar formas de pensamento, métodos de interpretação ou procedimentos de abstração. Seguindo esta diferenciação, poderemos descobrir até que ponto estas formas se atravessam historicamente e como hoje o diálogo interdisciplinar se torna uma necessidade metodológica. O artigo questiona as crescentes porosidades entre imagens científicas e imagens artísticas e discute a relevância de manter esta distinção metodológica. A partir de exemplos de cientistas que questionam, por sua vez, as imagens científicas e as imagens artísticas, discutem-se determinadas funções das imagens que o discurso científico propõe.

This issue focuses on the relationship between Gothic fiction and technological innovation in contemporary culture from different perspectives and media formats. We explore how Gothic narratives have consistently engaged with, and responded to, technological developments—from the early anxieties about scientific discovery in 19th-century literature to contemporary fears surrounding digital media, artificial intelligence, and virtual reality. Our contributors examine how Gothic aesthetics have been transformed by new technologies while simultaneously providing a framework for articulating the uncanny dimension of technological advancement itself. The articles in this issue analyze how modern Gothic has evolved beyond traditional oppositions to embrace the fluid boundaries between human and non-human, natural and artificial. We investigate the “phosphorescent” aesthetic of contemporary visual Gothic with its colors and digital distortions, the viral nature of digital urban legends, and the haunted infrastructures of our networked existence. Through diverse case studies spanning literature, cinema, television, and digital storytelling, to podcasts, this issue maps the spectral territories where technology and Gothic sensibilities converge, showing how today’s Gothic is fundamentally shaped by the technological structures and virtual realities that define contemporary experience.

A pesar de que en los últimos años la lectura en clave republicana de la obra de Hermann Heller ha despertado gran interés, los trabajos existentes exhiben un déficit tanto metodológico como filosófico-político. Si el primero se expresa en la escasa atención prestada al contexto de discusiones sobre el republicanismo en los tiempos de la Alemania de Weimar, el segundo puede identificarse en el escaso espesor teórico dado al concepto de “república”. A fin de revertir este doble déficit, en este artículo se afirma que Heller se diferenció del republicanismo de su época —en particular, del denominado “republicanismo de la razón”— al comprenderlo como un proyecto democrático. Con él, pretendió sentar las bases para la convivencia política de una sociedad que se había modificado significativamente tras la derrota bélica bajo el marco de una constitución que suponía un entramado institucional y legal novedoso.

Mythological Images. Politics of the Gaze and Right-Wing Iconographies This contribution explores the role of images in shaping the political imaginary of the right, drawing on visual culture theory and ideological critique. Through a close reading of four recent works-Research Handbook on Visual Politics (Lilleker and Veneti 2023), Manifesti politici (Novelli 2021), Cultura di destra e società di massa (Cangiano 2022), and Iconografie della destra (Cheles 2023)-it examines how visual forms act as mythmaking devices. Far from being decorative, images function as symbolic acts that condense memory, emotion, and ideology, operating as Schlagbilder (Warburg (1920) 2019) and mythological materials (Jesi 1979a). The analysis brings together a set of exemplary texts that, together, construct a critical genealogy of right-wing visuality. It highlights how the right, historically and today, mobilizes ritualistic and symbolic iconographies to foster collective belonging and legitimize regressive worldviews. In doing so, it foregrounds the normative and mobilizing power of reactionary visual culture within the broader struggle for cultural hegemony.

With its title implying wild excitement or a raving madness, The Delirious Museum: A Journey from the Louvre to Las Vegas prepares us for a re-appraisal of the museum. And indeed, the issues familiar to museological discourse are less relevant to Calum Storrie than the museum's 'messy vitality' and 'richness of meaning ' (p. 3). Storrie argues that the 'delirious' museum runs parallel to its traditional, or rational counterpart. In giving definition to the delirious museum, he aims to subvert the association of the museum with order and classification. The need for subversion arises because 'neutral taxonomic systems…used as a means of "clarification" and education' often 'has meant limiting, either by accident or design, the possible interpretations of the museum' (p. 2). This is a valid proposition. The model of the traditional museum has evolved from discourse which locates museums within the parameters of the 'rational' based on their nineteenth-century legacy in the construction of history, and deterministic and patriarchal assumptions about cultural identity. The twenty-first century museum is thus understood through its past emergence in colonial ambitions, based on taxonomies and classifications that disavowed previous schemas as irrational. Storrie presents his argument through reference to a range of exhibitions, events, and architectural spaces that he classifies as 'delirious'. In keeping with its subject matter the book has a fairly labyrinthine, though not unwieldy structure that he describes as, 'neither pure architectural analysis, nor urbanism, nor history nor literature alone; instead it weaves these forms together.' He goes on: 'Perhaps the book itself is a Delirious Museum mimicking what it describes, for it is, among other things, a repository of anecdotes and arcane facts. It is my collection' (p. 4). In reviewing Donald Preziosi and Claire Farago's large anthology Grasping the World: The Idea of the Museum (2004), Andrea Witcomb is critical of their narrow editorial focus which is structured to show, 'how the museum as both idea and institution has always been implicated in relations of power and will continue to be so' (Witcomb 2005). Witcomb contends that the anthology's selection of works and editorial framing 'is in danger of ossifying both museums themselves and the intellectual apparatus we use to study them' (Witcomb 2005: 27). In this regard Storrie's book is propitious as it breaks away from the received ideas that Witcomb suggests limit the scope of museological discourse. Instead of de-coding the museum's relations of power, his methodology is to excavate the museum's shared relationship with the city. It is Storrie's contention that many museum-like traits bear the hallmark of the delirious museum: Walter Benjamin's Passagen-Werk is a museum without labels and explanations; Eugène Atget's photographs are an archive of street ephemera; the Surrealist's fascination with objects in shops and arcades is seen in a curatorial light; while the Situationist's 'understood the city in a way that has parallels with the delirious museum' (p. 37). The idea of the museum thus expands to collecting, curatorial, and mapping activities that connect people with the city through quotidian impulses rather than strategic intention. This approach is interesting because, recalling Michel de Certeau's logic of the everyday it presents a 'turning inside-out' of the museum, and acknowledges the museum's 'non-didactic' role in meaning-making. Many of the 'delirious' projects that Storrie examines are stimulated by the impulses and yearnings of individuals, rather than the didactic requirements of the museum. Personal drama

Este capítulo refletiu sobre a História da Arte no contexto contemporâneo, abordando os desafios das novas perspectivas socioculturais. A partir da proposta de Aby Warburg (1866-1929) sobre a ampliação "das fronteiras da nossa ciência da arte em termos temáticos e espaciais" (2013, p. 475), avaliamos novas leituras das tradições artísticas e culturais, considerando seus métodos e epistemologias.
A abordagem metodológica de Warburg ofereceu, ainda hoje, muitas possibilidades práticas e analíticas para expandir as concepções sobre o fazer artístico e sua relação com a memória, tanto individual quanto coletiva. Ainda que tenha sido um historiador da arte do século XIX, permaneceu amplamente revisitado e interpretado por muitos pensadores transdisciplinares que combinaram diversas áreas das humanidades, sendo considerado um precursor para os Estudos Culturais de forma ampliada.
O objetivo deste capítulo foi contextualizar brevemente alguns temas warburguianos e refletir sobre sua recepção na contemporaneidade, especialmente no contexto multicêntrico de uma História da Arte Global. O capítulo foi organizado em dois eixos centrais: "Excursões exegéticas: imagens retóricas e migrações internacionais" e "Fronteiras disciplinares da arte e a Ciência da Cultura".
No primeiro eixo, abordamos sua crítica à "subdivisão da história universal em épocas individuais" e a concepção do "desenvolvimento do estilo como uma necessidade psicológico-artística" (Warburg, 2007, p. 911-921). Warburg via a busca do estilo artístico como uma oscilação entre polos energéticos e através da circulação de valores expressivos, pré-cunhados “no inventário da memória”, atentando-se para como esses valores transmitiam a "tendência do fenômeno histórico" (Ibidem). Com um interesse particular na influência do paganismo, Warburg rastreou as migrações "retórico-imagéticas", analisando sua dinâmica, suas técnicas de difusão e os distintos suportes e materiais das Pathosformeln antigas.
Em seguida, abordamos a proposta de Warburg de ampliação das fronteiras disciplinares e a materialização de sua Ciência da Cultura por meio de sua biblioteca. Ao demarcar seu posicionamento crítico em relação aos estudos positivistas e formalistas de sua época, contribuiu para a expansão da perspectiva teórica, integrando outras "ciências irmãs" e examinando aspectos de forma e função como códigos e signos de uma linguagem própria.
Concluímos atestando a relevância contínua das contribuições de Warburg para a compreensão da História da Arte. Suas análises mostraram-se especialmente valiosas no contexto das recentes propostas para uma História da Arte Global, voltada para a complexidade de culturas dinâmicas e híbridas, com um amplo deslocamento espaço-temporal, onde as imagens continuaram a migrar e a dialogar entre diferentes cenários e épocas. Isso abriu espaço para debater como pudemos pensar com Warburg e além dele.

A abordagem metodológica de Warburg oferece, ainda hoje, muitas
possibilidades práticas e analíticas para expandir as concepções sobre o fazer artístico e sua relação com a memória, tanto individual quanto coletiva. Ainda que seja um historiador da arte do século XIX, permanece amplamente revisitado e interpretado por muitos pensadores transdisciplinares que combinam diversas áreas das humanidades,
sendo considerado um precursor para os Estudos Culturais de forma ampliada.
O objetivo deste capítulo é contextualizar brevemente alguns temas
warburguianos e refletir sobre sua recepção na contemporaneidade, especialmente no contexto multicêntrico de uma História da Arte Global. O capítulo será organizado em dois eixos centrais: "Excursões exegéticas: imagens retóricas e migrações internacionais" e "Fronteiras disciplinares da arte e a Ciência da Cultura".
No primeiro eixo, abordaremos sua crítica à "subdivisão da história universal em épocas individuais" e a concepção do "desenvolvimento do estilo como uma necessidade psicológico-artística" (Warburg, 2007, p. 911-921). Warburg via a busca do estilo artístico como uma oscilação entre polos energéticos e através da circulação de valores expressivos, pré-cunhados “no inventário da memória”, atentando-se para como
esses valores transmitem a "tendência do fenômeno histórico" (Ibidem). Com um interesse particular na influência do paganismo, Warburg rastreou as migrações "retórico-imagéticas", analisando sua dinâmica, suas técnicas de difusão e os distintos suportes e materiais das Pathosformeln antigas.
Em seguida, abordaremos a proposta de Warburg de ampliação das fronteiras disciplinares e a materialização de sua Ciência da Cultura por meio de sua biblioteca. Ao demarcar seu posicionamento crítico em relação aos estudos positivistas e formalistas de sua época, contribuiu para a expansão da perspectiva teórica, integrando outras "ciências irmãs" e examinando aspectos de forma e função como códigos e signos de uma linguagem própria.
Concluimos atestando a relevância contínua das contribuições de Warburg para a compreensão da História da Arte. Suas análises são especialmente valiosas no contexto das recentes propostas para uma História da Arte Global, voltada para a complexidade de culturas dinâmicas e híbridas, com um amplo deslocamento espaço- temporal, onde as imagens continuam a migrar e a dialogar entre diferentes cenários e épocas. Isso abre espaço para debater como podemos pensar com Warburg e além dele.

https://editoracircuito.com.br/wp-content/uploads/2025/07/PPGHA_vol-2_web.pdf

Where it Starts Aby Warburg was born affluent. Let's start there. A banker's son with a fetish for Botticelli and Babylon, he turned his back on the family business. He literally gave his inheritance away, on the condition that the family buy him any book he wanted, and then he went full iconomaniac. He wasn't poor, materially, but spiritually? That's another story. He swapped capital for cosmology [1], became less Renaissance man than visual necromancer. The kind of guy who talks to demons in the desert and diagrams their gestures with string and pins. His famous Mnemosyne Atlas-a grid of black panels littered with images torn from postcards, newspapers, Renaissance prints, depictions of pagan rituals, astrological diagrams-has been

Este capítulo parte da triangulação das séries comemorativas dos selos postais do IV Centenário do Descobrimento do Brasil, em 1900, do Centenário da Independência, em 1922, e do dito Centenário da Colonização, em 1932, este ensaio reflete sobre processos e balizas classificatórias do tempo histórico e da hierarquização dos gêneros artísticos na historiografia da arte brasileira. Das escolhas temáticas e formais entrecruzadas nos referidos selos, depreendem-se elementos estruturantes provenientes da tradição plástica moderna contempla, e que interferem na especificidade de sua própria iconografia, a presente pesquisa busca identificar conceitos operatórios e princípios taxonômicos que regeram e ainda regem, em grande medida, processos de periodização da história da arte no Brasil. A declinação dessas temporalidades, palmilhadas na construção da história da arte no Brasil, não escapam a hierarquizações e processos de legitimação pautados por diferentes agendas, não raro escamoteadas pela naturalização de sua presença em um suporte material exemplar dos tempos modernos: o selo como imagem de massa. Seu quadro teórico é construído a partir da percepção de Aby Warburg sobre o selo como objeto privilegiado que materializa a própria noção de circulação, de trânsito de modelos plásticos, mas também teóricos, a que ele denominava Austausch (intercâmbio), na dimensão cultural ocidental, estruturada pelo Renascimento, mas também do emblematismo e da heráldica, voltando-se da a modelagem da simbólica estatal nos anos 1920

The article analyses the methodologies used in the advertising field through which famous works of art are chosen, evoked, and recoded within commercials, thus becoming exceptional testimonials of the advertised product. After a general overview of the interaction between advertising and the classical tradition and of the different citation mechanisms that make this interaction possible, the main case study is directly addressed. This is the advertising campaign "Una Nuova Stagione", presented by the company Plenitude in May 2022, which adapts Sandro Botticelli’s Primavera. The commercial is analysed by paying particular attention to the reworkings to which certain details of the painting were subjected in the advertising outcome.

O presente texto esboça um breve recorte da extensa fortuna crítica sobre o método
iconológico ternário que Erwin Panofsky sistematizou em 1939 em Estudos de Iconologia, destinado a estudar a produção das artes visuais europeias dos sécs. XV e XVI, sob a jurisdição temática da retratística, da pintura religiosa e da mitológica. Interessa investigar no presente recorte as motivações e os mecanismos que agenciaram as escolhas que permitiram a consagração de seu método na Historiografia da Arte e o teor das críticas à Iconologia. A abertura heurística da fundação da Iconologia por Warburg seria paulatinamente substituída no Warburg Institute (WI) pelo desejo de sistematização de metodologias mais positivas. Acabou-se por se considerar Panofsky como o pai da Iconologia, a partir da instauração de seu método, rejeitando as principais premissas warburguianas. Sua transferência para os Estados Unidos nos anos 1930 marcou a disseminação dessa vertente, que eventualmente se miscigenou com a Semiótica peirciana na prática da leitura da obra de arte.

Este texto é um recorte do eixo teórico tomado como base nas pesquisas de Mestrado, entre o anônimo La Vierge Enfant e o São Domingos de Matisse: imagem e olhar na Historiografia da Arte  [2005], e Doutorado (em curso) , Matisse, Newman, Bené Fonteles: a Paixão como o re-encontro com a imagem do Demiurgo [Os Sudários de Bené Fonteles, O Chemin de la Croix de Henri Matisse e as Stations of the Cross de Barnett Newman: pathos e anacronismo na Historiografia da Arte (2013)], No que tange a concepção historiográfica de Aby Warburg, Walter Benjamin e Georges Didi-Huberman. De acordo com a proposta de Didi-Huberman da História da Arte como montagem de tempos anacrônicos, este estudo tem como escopo cotejar os modelos dê tempo na Historiografia da Arte de Warburg, e na Historiografia de Walter Benjamin, no que concerne respectivamente às obras Der Bilderatlas Mnemosyne e Das Passagen-Werk. O Interesse desta investigação repousa nas implicações metodológicas da viabilização da montagem e do anacronismo como conceitos-operadores do agenciamento de imagens no processo de produção de conhecimento em História da Arte.

O texto aborda a coletânea Poesia e gesto: sobre estéticas crítico-filosóficas contemporâneas, organizada por Paula Glenadel e Franklin Alves Dassie, que reúne oito ensaios sobre poesia contemporânea e o conceito de gesto. ​ A obra explora como o gesto, entendido como ação que não visa um fim específico, pode diluir a distinção entre representação e realidade física, ampliando as dimensões éticas e políticas da poesia. ​ Com base em teorias de Giorgio Agamben e outros pensadores, os ensaios analisam obras de artistas e poetas dos séculos XX e XXI, conectando questões estéticas a debates sobre alteridade, identidade, gênero e política. ​ A coletânea propõe uma abordagem metodológica que une estética e política, destacando o gesto como elemento central para compreender a poesia como meio de renovação ética e crítica em tempos turbulentos. ​

El gesto es la expresión física más convencional de los sentimientos y, en cierto modo, también es la más útil para entender el significado de las pinturas de la temprana Edad Moderna. Por desgracia, muchos de esos gestos sólo ofrecen al observador contemporáneo unas pocas pistas por estar fuertemente regulados, con lo que su sentido permanece en gran medida ajeno a nuestro tiempo. De aquí se infiere una primera clasificación de los gestos en naturales y codificados. El gesto natural o espontáneo se realiza inconscientemente, y cualquiera puede interpretarlo a pesar del paso de los siglos. Por el contrario, el gesto codificado —un movimiento corporal que operaba como un recurso retórico de la actio o pronuntiatio, la última parte de la retórica— se basaba en convenciones o en tradiciones culturales cuya acepción original a menudo se ha perdido.
Para ser eficaz, la acción tenía que sostenerse en la emoción natural, es decir, las expresiones del cuerpo debían verse como no fingidas y parecer sinceras y apropiadas. A fin de dar al relato la fuerza de una representación visual, el rétor, igual que el pintor, tenía a su disposición los movimientos del cuerpo y los gestos, que tanto podían expresar sin ayuda de la voz. Otras veces la acción se presentaba de una forma más sugerida que explícita, y para desvelar el significado de las imágenes hay que acudir a distintos repertorios gestuales del momento, dependiendo del dominio (la familia, la corte, la iglesia) de sus ejecutantes, o de los propios agentes (clérigo o laico, joven o viejo, mujer o varón). Y, por último, en unas pocas ocasiones el sentido del gesto se revela por deducción, cotejando ademanes peculiares repetidos por un artista en distintos cuadros para extraer su significado. De todas las instancias anteriores dará cuenta esta presentación con ejemplos pictóricos renacentistas dotados de gestos codificados en acompañamiento o sustitución del discurso, algo que se diría inevitable para un arte “muda” como la pintura.

The article focuses on the specificity of the association of juxtaposed images on the Panels of Aby Warburg’s Bilderatlas Mnemosyne, as opposed to some associative and expographic models, such as the paper museums of the 17th and 18th centuries, in terms of iconographic organization, and points out its intimacy with the association of images in film montage. Furthermore, the article works with the synchronic and diachronic axes of the photograms arranged on the film tape as an epistemological model for Warburgian thought, present in the very conception and traces of Warburg’s trip to New Mexico in 1896. Basead on the constituent elements of cinematographic language, the concept of montage-collision elaborated by Sergei Eisenstein is, on the other hand, associated with Walter Benjamin’s dialectical image, allowing to clarify the tabular and non-linear approach of the plan of inscription prepared by Warburg in Mnemosyne.

The article discusses the question of starting over in Ernst Bloch and Aby Warburg, relating it to the notions of return and repetition, as well as to the role of imagination in the Blochian meaning of utopia. Furthermore, the author rethinks the place of the Renaissance in Art History, while discussing a genealogy of the revolt involving the peasant insurrection of Thomas Müntzer and the scientific insurrection of Giordano Bruno, but also the position of Martin Luther in the face of the uprising, in the key of a political iconography. It should be highlighted the relevant and fruitful approaches between the works of Bloch and Warburg, concerning their returns to the Renaissance and, from there to Antiquity.

The paper traces the course of Aby Warburg’s researches on the pictorial production of Édouard Manet and images of previous times to present evidence of the effect this work had not only to the theoretical understanding about methodological questions with regards to the historical transit of motives but also in the sense of an autobiographical and psycho-intellectual reflection. Setting forth pictorial relations among the Antiquity, Rafaello Sanzio and Manet plays a central role for Warburg toward building a genealogy of the painting Le déjeuner sur l’herbe (1863), which besides exploring the problem of the Nachleben der Antike [the afterlife of Antiquity] beyond the fields of the Renaissance and Baroque, opens a way to the expression of human emancipation in Western art. This process ended up on the series of images, Manet und die italienische Antike [Manet and the Italian Antiquity], a work that, apart from indicating Warburg’s identification with the French painter, revealed a self-diagnosis of a maniac-depressive existence

ste texto aborda o projeto de revisão das bases teóricas e metodológicas de uma
história da arte crítica de Georges Didi-Huberman, por meio da abertura de Devant
les Temps. Do entrelaçamento da imagem e do tempo, emerge a apresentação de um
partido historiográfico artístico no qual o autor propõe uma abertura epistemológica
cujo estatuto é a do sujeito que se constitui diante do paradoxo da imagem que se
abre em diferentes estratos de um saber arqueológico e antropológico da imagem.
Daí a necessidade de se iluminar um estrato psicanalítico para apreender, a partir
do sintoma do anacronismo, os conceitos que operam criticamente o paradoxo
do tempo no paradoxo da imagem, agenciados pelo dispositivo metodológico
da montagem de tempos heterogêneos, conforme os projetos de Aby Warburg
e Walter Benjamin. A partir da investigação do objeto empírico, Didi-Huberman
dobra o objeto teórico em uma rede associativa que, homologamente, permite a
figurabilidade da própria história da arte.

Realizada em Março de 2017, em Lisboa, esta entrevista com Judith Revel passa em retrospectiva a sua investigação, centrando-se nas suas reflexões sobre as intersecções entre a historiografia e o pensamento de Foucault. Nesta conversa, tentámos inverter a tendência mais comum neste debate, nomeadamente a de avaliar o impacto de Foucault na historiografia recente, e, inversamente, começar por pensar como a historiografia, principalmente a dos historiadores dos Annales dos anos 60 e 70 do século XX, contribuiu para a formação de noções centrais no pensamento de Foucault (descontinuidade do tempo histórico; causalidade, determinismo e determinação; subjetividade). Conversámos também de arquivo e de arquivos, e da forma como a filosofia tem utilizado os arquivos, em ligação com o projecto pelo qual o Revel é cientificamente responsável - "Disciplinar o Arquivo" (2016-2018, LabEx 'O Passado no Presente').

Resumen Nietzsche rechaza varios aspectos del pensamiento kantiano, sin reconocer la cercanía entre su idea de ficción y el lugar que Kant atribuye a las ideas trascendentales en tanto "ficciones heurísticas" (B 799). Se analizarán las razones por las cuales Nietzsche asimila el pensamiento kantiano a la metafísica, y sobre todo, su crítica al imperativo categórico y sus consecuencias como "fanatismo moral". El autor que reconoce, en los inicios del siglo XX, esa cercanía Nietzsche-Kant en torno a la idea de ficción es Hans Vaihinger, por eso, nos detendremos en su análisis de la cuestión en el pensamiento nietzscheano.

Este ensaio teórico explora o potencial artístico do fotojornalismo, concebendo-o como um espaço de criação de "imagens-acontecimento", em vez de um mero registro factual. A pesquisa ajuda a desmantelar a distinção convencional entre documento e obra de arte, em uma proposição para que a imagem seja compreendida em suas facetas de sintoma, ruptura e manifestação. Argumenta-se que as abordagens teóricas tradicionais não são adequadas para capturar a plena eficácia simbólica do fotojornalismo, cuja potência reside na sua capacidade de "desfigurar" o que é imediatamente visível para "figurar" a realidade subjacente. Dessa forma, a fotografia jornalística vai além de sua função puramente informativa, constituindo-se como um evento visual que desafia e engaja a e o observador, transformando a resposta emocional em um impulso político. Esta análise congrega uma nova estrutura conceitual, redirecionando o foco da discussão sobre a imagem do seu valor de verdade para o seu impacto e funcionalidade. Palavras-chave: fotojornalismo, imagem-acontecimento, imagem técnica, sintoma, eficácia. This theoretical essay explores the artistic potential of photojournalism, conceiving it as a space for the creation of "event-images" rather than as a mere factual record. The research contributes to dismantling the conventional distinction between document and work of art, proposing that the image be understood in its facets as symptom, rupture, and manifestation. It is argued that traditional theoretical approaches are inadequate for capturing the full symbolic efficacy of photojournalism, whose potency lies in its capacity to "disfigure" what is immediately visible in order to "figure" the underlying reality. In this way, journalistic photography transcends its purely informative function, constituting itself as a visual event that challenges and engages the observer, transforming emotional response into political impetus. This analysis brings together a new conceptual framework, redirecting the focus of the discussion about the image from its truth-value to its impact and functionality. Keyword: photojournalism, event-image, technical image, symptom, efficacy. 1 Este texto foi submetido à análise originalidade e prevenção de plágio disponibilizada pela plataforma Turnitin, em 02 de julho de 2025. Os resultados demonstram 08% de similaridade com outros textos disponíveis na Internet. Esse quantitativo é considerado baixo, especialmente porque remete às citações diretas extraídas dos materiais referenciados.

Este texto busca registrar uma análise da personagem de origem bíblica Salomé, mais especificamente na literatura e pintura europeias do século XIX, e cinema do século XX e XXI. Como levantamento conceitual de uma pesquisa artística, alinha-se à investigação de cunho prático-teórico do fazer artístico e estudos autobiográficos. As reflexões se apoiam na perspectiva crítica do Orientalismo histórico e material de Edward Said (2007), e dos conceitos de visualidade e contravisualidade trabalhados por Nicholas Mirzoeff (2016) para, assim, discutir o olhar colonizador sobre os corpos femininos ditos "orientais" e o direito ao olhar, problematizando essas visualidades.

This article presents an original physico-philosophical model grounded in a new ontological interpretation of time and being. Its central thesis is that time is not a pre-existing dimension but an emergent phenomenon arising from entropic instability. From this standpoint, being is defined as the differentiation of potentialities, while nothing is revealed as both a thermodynamic and logical impossibility. The theory introduces an entropic-temporal equation that formalizes the link between entropy, time, and the ontological emergence of reality. Beyond its mathematical formulation, the model opens new paths for integrating physics, ontology, and phenomenology, offering these fields not merely novel descriptions, but deeply explanatory frameworks. Rather than providing a definitive answer, it advances a new paradigm in which the question of being becomes the driving force of scientific and philosophical inquiry.

Nesta dissertação procura-se estabelecer um exercício experimental de pensamento às voltas das experiências limiares entre arte e etnografia, buscando rastrear momentos em que as práticas artísticas e a etnografia estabeleceram contaminações profícuas. A investigação desdobra-se a partir de cinco nebulosas, que apresentam algumas dimensões e problemáticas em torno das formas de contato entre artistas-pensadores e interlocutores de contextos culturais distintos. Delineamos a ideia de etnografia como fricção para compreender a força de choque e de atrito que a etnografia estabeleceu, sobretudo, com o campo artístico, possibilitando uma abertura para o problema da diferença e das impurezas culturais. Perseguimos momentos em que a história da arte foi, de alguma maneira, perturbada em sua condição de disciplina moderna, sobretudo a partir das fricções estabelecidas em torno da revista francesas Documents (1929-1930) e da experiência ameríndia de Aby Warburg (1866-1829) e as suas ressonâncias na sua forma de pensar esquizo. Procuramos delinear possibilidades de adentrar a forma de conhecimento psicoetnográfico-arqueológico, extraída do pensamento e produção de Flávio de Carvalho (1899-1973) e, a partir disso, enquadramos a Expedição Amazônica (1958) de Flávio de Carvalho e o Projeto Bahia-Benin (1988) - especialmente a partir da atuação de Lina Bo Bardi (1914-1992) e Pierre Verger (1902-1996) - como zonas limiares em que as relações entre arte e etnografia se estabeleceram de forma proeminente, buscando situá-las a partir das fricções entre os trânsitos de ideias, pensamentos e presenças espectrais. A investigação procura estabelecer um plano de reflexão que toma os métodos correlatos às zonas limiares entre arte e etnografia como experimentação metodológica e como forma de pensar, operando por meio de uma escrita residual, a partir da escavação e associação de fragmentos, da sucessão, sobreposição e paralelismo de ideias, agentes, acontecimentos e noções conceituais.

O  dossiê Limiares  destituintes:  política,  direito,  teologia  e  linguagemreúneartigos,  ensaios, traduções, resenhas e intervenções dedicadas à refletir sobre o projeto homo sacerde Giorgio Agamben. Diferentemente do que costuma ocorrer em homenagens acadêmicas no Brasil —geralmente marcadas por elogios ocos ou destinados simplesmente a “explicar” a obra dos autores sem nenhum acréscimo —,  esta  edição  assumiu  a  tarefa  de  apresentar  a  filosofia  como  uma  provocação  ao  regime  de disciplinarização do saber típico das universidades. Como já indicava a chamada do dossiê, a proposta foi  abrir  espaço  para  textos  que  interrogassem  os  dispositivos  institucionais  e  epistemológicos  que estruturam os campos da filosofia, da história e das humanidades em geral inspirados pelo pensamento do filósofo italiano ou promover leituras originais de suas obras, tendo como marco os trinta anos do projeto homo sacer, iniciado em 1995 com a publicação de Il potere sovrano e la nuda vitana Itália. Diante da multiplicidade de contribuições recebidas —trata-se do número mais extenso da (Des)troçosaté o momento, e sem dúvida um dos mais intensos —este editorial propõe uma breve incursão na noção de “in-disciplina”, tal como Giorgio Agamben parece tê-la usado dispersamente em seus escritos como uma forma  de  pensar  os  saberes  em  seus  pontos  de  insurgência,  falhas  de  nomeação  e  zonas  de indeterminação epistemológica.

From ghost imaging in scientific research to the phantasmatic images produced by artificial intelligence, the metaphor of the ghost-along with related notions such as apparition, disappearance, trace, spectralization, and evanescence-offers a crucial interpretive framework for understanding digital culture. This metaphor is especially relevant in the visual and communicative domains, where the idea of apparition is increasingly replacing that of representation. This shift updates a long tradition of visual theory, from ancient distinctions like eidolon and phantasma to the postmodern revival of the simulacrum. The ghost becomes a productive figure through which to rethink the nature and status of digital images: unstable, fleeting, and often uncanny. The essay explores how contemporary media practices-especially on social platformsmobilize ghost-like dynamics: ghosting, automated memory, the return of inactive profiles, and the persistence of digital traces. These phenomena blur conventional boundaries between analog and digital, real and virtual, presence and absence. By approaching images as spectral entities, the digital can be seen not simply as a space of virtualization, but as a site of phantasmatisation-where images no longer just represent, but haunt, reappear, and resist clear definition.

Movimientos peligrosos. Aby Warburg, entre el cine y el viajeFederico Luis Ruvituso. Armiliar (N.° 2), mayo 2018. ISSN 2545-7888. Universidad Nacional de La Plata

En esta reseña se sugiere una lectura en clave historiográfica del libro Aby Warburg y la imagen en movimiento (2017), de Philippe-Alain Michaud. La edición castellana de este profético trabajo ofrece una interpretación polémica de la obra warburguiana. Tomando como punto de partida una original filiación entre los inicios de la iconología y las primeras experiencias cinematográficas, Michaud señala cómo las investigaciones warburguianas desembocaron en una teoría sobre el movimiento como forma de investigación. Esta reseña sigue los pasos de tal hipótesis y ofrece una adenda crítica acerca de la función que tuvo, en la obra de Warburg, ese peculiar viaje que intentó poner en movimiento a la historia del arte decimonónica.

Esta tesis constituye una primera aproximación teórica al estudio de lo monstruoso (en calidad de fenómeno y concepto) a partir de sus supervivencias en las narraciones, representaciones e interpretaciones desarrolladas dentro de escenarios de alteridad, violencia y conflicto, con particular atención en La Violencia y el Conflicto Armado colombiano. Esta primera aproximación, además, es elaborada dentro de un marco temporal y geográfico (así como temático) particular para asegurar así la calidad y claridad de la información: por un lado, los años de la Conquista y la Colonia, junto a los años intermedios entre La Violencia y el Conflicto Armado; por el otro lado, los territorios departamentales del Tolima y el Valle del Cauca; y por último, lo monstruoso en las construcciones identitarias del "yo" vs el "otro", donde en la monstrificación y automonstrificación del individuo se hace presente en los modos de expresión, descripción y relacionamiento con un "otro". Así mismo, la investigación y los análisis son elaborados a partir de tres fuentes primarias: testimonios, textos psico-históricos y representaciones visuales. Tres espacios donde la palabra y la imagen no solo dan cuenta de la existencia de lo monstruoso en escenarios de alteridad y conflicto, sino que permiten su elaboración y facilitan su supervivencia.
(Eng: This thesis represents a first theoretical approximation to the study of the monstrous (both as phenomenon and concept) and of its survivals in the narratives, representations and interpretations developed within scenarios of otherness, violence and conflict, with special focus on La Violencia and the Colombian Conflict. Such theoretical approach is elaborated within some particular frameworks, one temporal, one geographic and one thematic: on one side, the years of Conquest and Colony; on the other side, the territories of the Tolima and the Valle del Cauca; and lastly, the monstrous in the identity constructions of the "I" vs the "other", in which the monstrification and self-monstrification of the individual are made present via ways of expression, descriptions and interaction with an "other". At the same time, research and analysis is based on three kinds of primary sources: testimonies, psycho-historic texts and visual representation. Three sources in which it not only evidenced the existence of the monstrous within otherness-and-conflict-scenarios in both words and images, but three sources where the monstrous is also elaborated, developed and preserved.)

The aim of this contribution is to account for the specific methodology of literary research used by the well-known Germanist and comparatist Lea Ritter Santini; a methodology characterised by its insertion in the path of the interdisciplinary approach-between the figurative arts and literature-that was opened up in the German context by Aby Warburg and Ernst Robert Curtius, and that in Ritter Santini took on the specific form of a 'literary iconology'. In trying to paint a theoretical picture of literary iconology, an attempt will also be made to convey the sense of survey and historical reconstruction that her comparative work on texts and images has taken on; finally shedding light on a research whose primary objective was to reconstruct, by inventorying and recording affinities, a common morphology of imagery that was to characterise the European cultural tradition, understood, with Curtius, as continuous and unitary, albeit in the ruptures of its history.