Papers by Carlos Souza

Carlos Henrique Pereira de Souza, 2025
Resumo: Este artigo analisa a construção da identidade evangélica no Brasil contemporâneo, com fo... more Resumo: Este artigo analisa a construção da identidade evangélica no Brasil contemporâneo, com foco nas disputas em torno da moralidade pública e do uso do termo "fundamentalismo" para descrever determinados segmentos do campo evangélico. Argumenta-se que essa categorização é frequentemente simplificadora, desconsiderando a diversidade interna e os conflitos confessionais que atravessam o movimento. A análise parte de referenciais da sociologia da religião e da análise do discurso pós-estruturalista, articulando dados empíricos, registros imagéticos e narrativas produzidas em ambientes e mídias evangélicas. São discutidas ainda as estratégias de diferenciação simbólica em relação ao "mundo", a participação política crescente dos evangélicos e o papel da mídia na reconfiguração das fronteiras entre religião, cultura e política. Palavras-chave: fundamentalismo; evangélicos; moralidades; identidade religiosa.

Estudos de Sociologia, 2021
Nas últimas décadas a sociologia da religião viu questionado o paradigma da secularização. A pers... more Nas últimas décadas a sociologia da religião viu questionado o paradigma da secularização. A persistência de movimentos sociais religiosamente orientados ao redor do mundo, inclusive na Europa, pareciam apontar para obsolescência de programas de pesquisa que se baseavam em alguma das versões da teoria da secularização. Assim, pesquisadores estadunidenses ensaiaram, desde o início da década de 1980, um salto para fora não só do paradigma da secularização, mas da teoria sociológica. Por exemplo, Rodney Stark e William Bainbridge visavam justamente superar o velho paradigma, substituindo-o por um novo, calcado nas teorias econômica e da escolha racional. Este artigo reflete sobre os limites das concepções da teoria da escolha racional da religião, recuperando proposições fundamentais da sociologia econômica, especialmente, de Mark Granovetter. Argumenta-se que os pressupostos da sociologia econômica podem contribuir de forma consistente para as questões que giram em torno da escolha e do mercado religioso, sem, no entanto, negar a tradição sociológica.

Estudos de Sociologia, 2021
Nas últimas décadas a sociologia da religião viu questionado o paradigma da secularização. A pers... more Nas últimas décadas a sociologia da religião viu questionado o paradigma da secularização. A persistência de movimentos sociais religiosamente orientados ao redor do mundo, inclusive na Europa, pareciam apontar para obsolescência de programas de pesquisa que se baseavam em alguma das versões da teoria da secularização. Assim, pesquisadores estadunidenses ensaiaram, desde o início da década de 1980, um salto para fora não só do paradigma da secularização, mas da teoria sociológica. Por exemplo, Rodney Stark e William Bainbridge visavam justamente superar o velho paradigma, substituindo-o por um novo, calcado nas teorias econômica e da escolha racional. Este artigo reflete sobre os limites das concepções da teoria da escolha racional da religião, recuperando proposições fundamentais da sociologia econômica, especialmente, de Mark Granovetter. Argumenta-se que os pressupostos da sociologia econômica podem contribuir de forma consistente para as questões que giram em torno da escolha e ...

Horizonte, Dec 31, 2020
Neste artigo partimos da hipótese de que a afinidade que atrai evangélicos e conservadorismo está... more Neste artigo partimos da hipótese de que a afinidade que atrai evangélicos e conservadorismo está muito mais ligada às condições discursivas que engendram os sujeitos e suas subjetividades, do que as características intrínsecas à teologia cristã ou, especificamente, evangélica pentecostal. Com isso não queremos dizer que conformações teológicas específicas não ensejaram discursos religiosos regressivos, que a maioria de nós classificaria como conservador. Assim, chamamos a atenção, tanto para o caráter relacional, posicional das identidades evangélicas, que engendram o discurso conservador, quanto para a base material deste discurso, ligando, portanto, sujeitos e formas de sujeição e subjetivação. Interessam-nos, as formas políticas em que se precipitarão os antagonismos articulados a partir dos grupos de identidade evangélica, bem como os deslocamentos na base material destes sujeitos, que possibilitam o engendramento de subjetividades atomizadas e refratárias a solidariedades coletivas exógenas a sua comunidade. Defenderemos que, embora evangélicos tenham ganhado relevo no espaço público por pautas reativas à ampliação de direitos de minorias, tais ações não se devem unicamente a aspectos intrínsecos à teologia pentecostal, ou ao seu caráter alienante ou irracional, mas, principalmente a forma como se posicionam no jogo político nacional, ou melhor, como se publicizaram, bem como a forma como o discurso de fundo conservador é acionado como estratégia de sobrevivência nas grandes cidades.
Memorial e PAP, 2024
Memorial e projeto de atuação profissional para concurso perfil Metodologia Qualitativa em Ciênci... more Memorial e projeto de atuação profissional para concurso perfil Metodologia Qualitativa em Ciências sociais.

Neste artigo partimos da hipótese de que a afinidade que atrai evangélicos e conservadorismo está... more Neste artigo partimos da hipótese de que a afinidade que atrai evangélicos e conservadorismo está muito mais ligada às condições discursivas que engendram os sujeitos e suas subjetividades, do que as características intrínsecas à teologia cristã ou, especificamente, evangélica pentecostal. Com isso não queremos dizer que conformações teológicas específicas não ensejaram discursos religiosos regressivos, que a maioria de nós classificaria como conservador. Assim, chamamos a atenção, tanto para o caráter relacional, posicional das identidades evangélicas, que engendram o discurso conservador, quanto para a base material deste discurso, ligando, portanto, sujeitos e formas de sujeição e subjetivação. Interessam-nos, as formas políticas em que se precipitarão os antagonismos articulados a partir dos grupos de identidade evangélica, bem como os deslocamentos na base material destes sujeitos, que possibilitam o engendramento de subjetividades atomizadas e refratárias a solidariedades coletivas exógenas a sua comunidade. Defenderemos que, embora evangélicos tenham ganhado relevo no espaço público por pautas reativas à ampliação de direitos de minorias, tais ações não se devem unicamente a aspectos intrínsecos à teologia pentecostal, ou ao seu caráter alienante ou irracional, mas, principalmente a forma como se posicionam no jogo político nacional, ou melhor, como se publicizaram, bem como a forma como o discurso de fundo conservador é acionado como estratégia de sobrevivência nas grandes cidades.

À FAPESP -Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo pela bolsa concedida (Processo N° ... more À FAPESP -Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo pela bolsa concedida (Processo N° 2013/02643-6), que possibilitou a realização desse trabalho e a ida a diversos congressos científicos. Agradeço também pela bolsa concedida de BEPE (Bolsa de Estágio de Pesquisa no Exterior), que foi determinante em minha formação, com a possibilidade de realização Agradeço a diversos amigos que me acompanharam durante minha jornada acadêmica. Ao Alexandre Barbosa Pereira, parceiro de longa data, amigo e irmão de muitos conselhos, batalhas e trocas acadêmicas. Obrigado pela sua amizade, apoio e por ser um interlocutor constante desse trabalho. Tamo junto! Ao Asher Brum, grande amigo e gaudério, que conheci durante o doutorado na UNICAMP e que, sempre com alegria e muito humor, tornou-se um grande amigo. Obrigado pelas nossas discussões em torno da reflexividade e da obra de Prof. Giddens. Assim como os nossos tão loucos rolês. Ao Marcelo Perilo, amigo muito especial, por tantas memórias e histórias. Obrigado por sua amizade, presença e apoio em tantos momentos. Quanta utopia e quanta euforia! Ao Martin Mensch, sempre na batalha, amigo de tantos anos, parceiro que acompanhou minha trajetória e muito me ajudou na luta. Obrigado, mano, por toda a força. Ao Ronaldo Almeida, querido amigo e orientador, que me deu total liberdade e autonomia para trabalhar a questão religiosa de forma bem heterodoxa. Além dos conselhos preciosos, te agradeço também pela sua confiança e amizade. Agradeço a todos os colegas do LIER -Laboratoire Interdisciplinaire d'études sur les réfléxivités e da École des hautes études en sciences sociales (EHESS), instituição em que realizei meu estágio sanduíche. Em especial a Cyril Lemieux, Yannick Barthe pelas aulas e leitura detalhada de meu projeto, assim como suas sugestões. A Nicolas Dodier, meu coorientador na EHESS, que me recebeu tão bem em Paris e foi fundamental para minha formação. Agradeço sua leitura detalhada, conselhos preciosos, ensinamentos nos seminários e atenção dispensada a meu trabalho. Foi um grande prazer e honra poder ter aprendido tanto contigo. Aos Professores Ricardo Mariano, Christina Vital, Álvaro Bianchi e Frederic Vandenberghe, Suely Kofes, Regina Facchini e Eurico Cursino pela participação em minha banca de doutorado e pelas intensas trocas acadêmicas que tivemos em diferentes momentos de minha trajetória (aulas, congressos, exame de qualificação, etc.). A Frederic Vandenberghe, também coorientador dessa tese, por todos os ensinamentos, reuniões via Skype e ricas sugestões. É um privilégio poder tê-lo como interlocutor e amigo. Você é verdadeiramente um dos maiores da teoria social e foi meu grande mestre intelectual. Obrigado por tudo, Fred, por sua generosidade, sabedoria, disposição, conselhos, auxílio e amizade. A meus pais, meu irmão Diego e minha tia Irene por todo o apoio ao longo desses anos. A expansão das religiosidades evangélicas verifica-se não apenas nos dados no Censo, mas também em sua capacidade de mobilização e transformação no mundo da vida. A participação de atores sociais autodenominados evangélicos (ou assim classificados por terceiros) na política nacional é notória. A Frente Parlamentar Evangélica tornou-se uma das principais forças no Parlamento brasileiro e a governabilidade de qualquer presidente implica o apoio dessa bancada. Essa presença garantiu-lhes um lugar privilegiado em torno de grandes debates públicos como, por exemplo, casamento gay, criminalização da homofobia, aborto e descriminalização das drogas. Os embates com a comunidade LGBT e os movimentos feministas tornaram-se constantes e um consenso em torno de políticas relacionadas ao gênero parece longe do fim. Para além desse aspecto, diversas pesquisas vêm apontando a importância das religiosidades evangélicas no processo de ascensão social da "classe C" e seu papel na formação de uma "mentalidade empreendedora" nas periferias das grandes cidades. A tentativa da pesquisa é compreender esse cenário a partir da análise da reflexividade desses atores evangélicos, mais especificamente ligados à Igreja Universal, tomada aqui como estudo de caso. O estudo da "reflexividade evangélica" proposto aqui compreende tanto o julgamento e avaliação dos atores face a questões, situações e pessoas em torno de três temas escolhidos pela tese (política, empreendedorismo e gênero), quanto à elaboração de projetos existenciais e das conversações internas que realizam ao pensar a viabilidade de seus planos de ação em relação às condições objetivas em que se encontram. Por meio do estudo dessas conversações internas, pretendemos entender como esses atores constroem sua percepção de si e do mundo e a importância que atribuem à religiosidade nesse processo. A principal hipótese desse trabalho é que a exposição e necessidade de participação em diversos mundos de ação constitui uma exigência cada vez maior de reflexividade por parte dos evangélicos, com a necessidade de incorporação de novos saberes e competências que não estão disponíveis, a priori, no mundo religioso. A partir disso, a ruptura com a continuidade contextual tradicional religiosa promove transformações na percepção que esses atores têm da religiosidade. Concomitantemente, a adesão à religiosidade também produz uma ruptura no contexto de vida dos indivíduos das periferias das grandes cidades, promovendo um novo ciclo de reflexividade e produzindo mudanças no mundo da vida.

Tese de Doutorado, 2020
A partir de pesquisa de campo sobre igrejas protestantes históricas no bairro da Penha, Zona Nort... more A partir de pesquisa de campo sobre igrejas protestantes históricas no bairro da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro em que descrevo processos de constituição de uma identidade evangélica a partir da análise de discursos religiosos. Os dados são fruto de etnografia feita na Igreja Metodista da Penha, cenário principal, cotejando outros contextos, como a Igreja Luterana e incursões em outras denominações locais. Analisei os discursos nos cultos, eventos nas igrejas e no bairro, entrevistas e depoimentos de interlocutores. As categorias teóricas usadas como identidade, discurso, sujeitos, demandas, significantes, práticas e estruturas discursivas, além de outras, foram norteadas pelos debates pós-estruturalistas e em especial a teoria do discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe. Considerando toda prática social é uma prática discursiva, as identidades dos sujeitos são vistas em seus contextos e estruturas discursivas. Estas não possuem um fundamento seguro, pois são marcadas por contingências, antagonismos e diferenças. Com isso a compreensão das identidades passa pelo jogo discursivo em torno dos significantes que usamos para dar sentido a realidade. Está é marcada por diferenças e antagonismos que reforçam a complexa rede de relações de poder e tensões em torno das formações identitárias.
Este trabalho tem como objetivo compreender se as mudanças ocorridas no protestantismo histórico ... more Este trabalho tem como objetivo compreender se as mudanças ocorridas no protestantismo histórico atual podem ou não indicar um processo de “pentecostalização”. O trabalho foi feito a partir de um estudo de caso em um templo de uma denominação histórica no Rio de Janeiro. Apesar de a pesquisa de campo ter seus li mites, os dados obtidos e as reflexões feitas visam contribuir para a compreensão do fenômeno religioso atual, em particular o protestantismo histórico e as mudanças ocorridas no atual cenário religioso.
O conceito de mística em Weber
Dissertação de mestrado defendida no PPCIS UERJ
Thesis Chapters by Carlos Souza

Gramáticas evangélicas:Discursos, identidades e afetos em igrejas históricas na zona norte do Rio de Janeiro, 2020
SOUZA, Carlos Henrique P. Gramáticas evangélicas:Discursos, identidades e afetos em igrejas histó... more SOUZA, Carlos Henrique P. Gramáticas evangélicas:Discursos, identidades e afetos em igrejas históricas na zona norte do Rio de Janeiro. 2020. 284 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020.
A partir de pesquisa de campo sobre igrejas protestantes históricas no bairro da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro em que descrevo processos de constituição de uma identidade evangélica a partir da análise de discursos religiosos. Os dados são fruto de etnografia feita na Igreja Metodista da Penha, cenário principal, cotejando outros contextos, como a Igreja Luterana e incursões em outras denominações locais. Analisei os discursos nos cultos, eventos nas igrejas e no bairro, entrevistas e depoimentos de interlocutores. As categorias teóricas usadas como identidade, discurso, sujeitos, demandas, significantes, práticas e estruturas discursivas, além de outras, foram norteadas pelos debates pós-estruturalistas e em especial a teoria do discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe. Considerando toda prática social é uma prática discursiva, as identidades dos sujeitos são vistas em seus contextos e estruturas discursivas. Estas não possuem um fundamento seguro, pois são marcadas por contingências, antagonismos e diferenças. Com isso a compreensão das identidades passa pelo jogo discursivo em torno dos significantes que usamos para dar sentido a realidade. Está é marcada por diferenças e antagonismos que reforçam a complexa rede de relações de poder e tensões em torno das formações identitárias.
Palavras chave: Discurso. Identidade. Evangélicos. Igreja. Gramática. Protestantismo.
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Thesis Chapters by Carlos Souza
A partir de pesquisa de campo sobre igrejas protestantes históricas no bairro da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro em que descrevo processos de constituição de uma identidade evangélica a partir da análise de discursos religiosos. Os dados são fruto de etnografia feita na Igreja Metodista da Penha, cenário principal, cotejando outros contextos, como a Igreja Luterana e incursões em outras denominações locais. Analisei os discursos nos cultos, eventos nas igrejas e no bairro, entrevistas e depoimentos de interlocutores. As categorias teóricas usadas como identidade, discurso, sujeitos, demandas, significantes, práticas e estruturas discursivas, além de outras, foram norteadas pelos debates pós-estruturalistas e em especial a teoria do discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe. Considerando toda prática social é uma prática discursiva, as identidades dos sujeitos são vistas em seus contextos e estruturas discursivas. Estas não possuem um fundamento seguro, pois são marcadas por contingências, antagonismos e diferenças. Com isso a compreensão das identidades passa pelo jogo discursivo em torno dos significantes que usamos para dar sentido a realidade. Está é marcada por diferenças e antagonismos que reforçam a complexa rede de relações de poder e tensões em torno das formações identitárias.
Palavras chave: Discurso. Identidade. Evangélicos. Igreja. Gramática. Protestantismo.