vol. 5, n. 1 (2017) by Camilla Ferreira Paulino da Silva
Resumo: Nesse artigo, discutimos alguns aspectos da retórica e da filosofia presente na obra Epís... more Resumo: Nesse artigo, discutimos alguns aspectos da retórica e da filosofia presente na obra Epístolas de Horácio. Conforme a educação recebida pelos romanos e o modo de conceber o artefato literário no século I a.C., buscamos demonstrar que nesse livro Horácio se valeu do discurso deliberativo para compor a cenografia dos poemas e que a persona construída por Horácio pode ser vista como a de um poeta-filósofo.
Abstract: In this article, we discuss some aspects of rhetoric and philosophy in the work Epistles of Horace. According to the education received by Romans and the way of conceive the literary artifact in the first century BC, we sought to demonstrate that in this book Horace used the deliberative speech to compose the scenography of his poems and also that the persona constructed by Horace can be seen as that of a poet-philosopher.
Papers by Camilla Ferreira Paulino da Silva

Rónai – Revista de Estudos Clássicos e Tradutórios
Analisamos o uso de recursos retóricos no discurso epistolar de Cícero que permitiam a preservaçã... more Analisamos o uso de recursos retóricos no discurso epistolar de Cícero que permitiam a preservação do éthos (MAINGUENEAU, 2014) do orador em seu período de exílio (58–57 AEC). A partir das correspondências, os aristocratas romanos dos fins da República mediavam suas relações sociais à distância, utilizando missivas para a substituição das interações pessoais nos momentos necessários. Considerando que a ausência (absentia) de amici poderia ser considerada problemática e que a demora ao enviar cartas poderia acarretar problemas ao éthos de um cidadão romano, Cícero se utilizou de recursos pathetici ao apropriar-se de seu exílio para mitigar os possíveis danos de sua escrita infrequente. Assim sendo, selecionamos trechos de cartas escritas por Cícero em seu exílio e analisamos como ele utilizou do páthos para a preservação de seu éthos no discurso epistolar. Concluímos que a situação do exílio permitiu uma escrita única, que pôde subverter as expectativas do comportamento de um aristoc...

Foi bastante árduo, porém gratificante, o caminho que me trouxe até estas páginas. Observar o núm... more Foi bastante árduo, porém gratificante, o caminho que me trouxe até estas páginas. Observar o número de amigos e amigas que estiveram sempre mandando, apesar dos relativos distanciamentos, boas energias, recados e apoio não é algo superficial, e amplamente me agrada fazer um panorama e listá-los aqui. Com estas páginas, poder me tornar doutora após onze anos de Ufes é uma honra e uma grande responsabilidade que eu preciso e quero dividir com os meus amigos. Muito me frustra a possibilidade de esquecer de alguém nestas linhas, pois a tese e o empenho em terminá-la, com o tempo nem sempre ajudando, me fazem correr o grave risco de simplesmente não nomear todo mundo que foi importante na minha trajetória. Não pense que fui má: se você deu o seu apoio de alguma forma, espero do fundo do coração que se sinta agradecido. Nos momentos mais difíceis, pessoas que nem sempre foram tão próximas a mim apareceram e me auxiliaram de um modo substancial. Então, se está procurando o seu nome aqui, receba meu agradecimento: Valeu, de verdade, pessoal. Importante para mim iniciar agradecendo primeiramente à Capes por fornecer a bolsa que viabilizou a minha estada na Pós-graduação, desde o mestrado. Que esse mecenato seja ampliado para cada vez mais pessoas, que a sociedade perceba a importância de continuar na luta pelo investimento na educação e na qualificação dos profissionais dessa área. A luta, que se desdobra na importância de que os gastos da União sejam democratizados, deve ser contínua. Leni Ribeiro Leite (Ufes), minha orientadora, merece um lugar de destaque nos agradecimentos, por ter tido a maior paciência comigo durante todo esse processo e também por confiar inteiramente em mim. Obrigada por me ensinar que as relações acadêmicas podem ter uma tonalidade aprazível, bem como por representar para mim um dos maiores exemplos de intelectual, de professora e de ser humano. Que a nossa parceria, estabelecida não no doutorado, mas desde quando iniciei as minhas primeiras aulas de latim, perdure e seja mais perene que o bronze. Agradeço igualmente a Gilvan Ventura da Silva (Ufes), não só por suas indispensáveis críticas e sugestões na etapa da Qualificação da Tese, mas por ter me orientado na graduação e no mestrado, ajudando a me construir como professora e pesquisadora. Seus ensinamentos me foram e sempre serão essenciais. Também agradeço imensamente à Charlene Miotti (UFJF), pesquisadora que eu admiro pela postura e excelência, por suas análises e dicas na Qualificação e também pelo aconselhamento e pela leitura crítica do meu trabalho em várias oportunidades nos encontros do Proaera. Da mesma forma, agradeço a Paulo Martins (Usp) pela honra de compor a minha banca, também ele outro pesquisador de grande distinção e que também sempre oportunizou grandes discussões que, sem dúvidas, enriqueceram a minha percepção sobre o mundo antigo. Agradeço também a Belchior Lima Neto (Ufes), por aceitar fazer parte da minha banca e por ter sido sempre uma inspiração, por sua trajetória como um admirável pesquisador e professor. Toda a minha gratidão a Stephen Harrison (Corpus Christi College, Oxford University), pela disponibilidade em participar da minha banca e por ter me recebido tão bem em Oxford no período do meu estágio-sanduíche. Obrigada pelos encontros, pelo debate e por me proporcionar a realização de um sonho, que era o de poder estar em tão renomado lugar dialogando com tanta gente importante da área. Sem dúvidas uma experiência que vou levar para a vida toda. Agradeço também os membros do Proaera, grupo que esteve sempre presente no processo de composição da tese e que me deu suporte e me fez perceber que o ambiente acadêmico pode ser sério e ao mesmo tempo leve, que podemos contribuir com os trabalhos mais diversos, crescendo juntos, sem vaidades. Um agradecimento especial aos sempre gentis professores Anderson Zalewski (UFRGS), Juliana Bastos Marques (UniRio) Fabio Fortes (UFJF), que nos diversos encontros sempre me deram assistências das mais diversas, nos papos informais ou nos círculos de debate. Meu muito obrigada a todos os funcionários do PPGHis, sempre muito solícitos e prestativos durante todos esses anos. Obrigada também aos professores da Ufes, que me auxiliaram de uma forma ou de outra desde 2007, me motivando a ser uma melhor aluna e profissional todos os dias. Gostaria de fazer uma menção especial aos mestres que por suas posturas como professores me inspiraram, animaram e conduziram até aqui: Josemar Lírio, Fábio Muruci (Ufes), Sergio Feldman (Ufes), Maria Amélia Dalvi (Ufes), Rogério Rosa (Udesc) e Raimundo Carvalho (Ufes). Agradeço profundamente a Caroline Gomes e Natan Baptista, em cujas linhas não me é possível expressar o quanto vocês são imprescindíveis na minha vida, estando comigo nos momentos mais alegres e nos mais tristes. Obrigada a Carol por me mostrar a forma mais pura de empatia com as pessoas ao nosso redor, e de como ser uma mulher intensa, destemida e sem fantasia. Obrigada, Natan, por ser a pessoa mais disposta que eu conheço, por me inspirar com a sua determinação e talento. Também nesse combo integro Karla Constâncio, parceria elementar nesses momentos finais, compartilhando comigo muitas madrugadas de estudo, debate e cupuaçu. Vocês representaram para mim nesse momento algo maior que o significado básico no que é amigo e família. Aos membros do Proaera-ES, pelo apoio acadêmico e emocional, por serem os melhores companheiros de pesquisa que uma pessoa pode ter. Faço menção especial aos que se tornaram meus amigos no decorrer dos anos de pesquisa: Kátia Giesen, Luiza Carvalho, Marihá Castro (Ifes), Iana Cordeiro e Alessandro Carvalho. Obrigada pelas loucuras e momentos sublimes, por me fazerem sentir sempre em casa no nosso laboratório e fora dele. Agradeço também a Ana Gabrecht e Thiago Zardini (Saberes), por me inspirarem sempre e serem sempre companheiros com quem eu sei que posso contar. Obrigada pelas parcerias e por sempre confiarem no meu trabalho, desde sempre. Obrigada a todos os funcionários do NOOC (North Oxford Overseas Centre), que tornaram a minha estada em Oxford extremamente divertida. Aos amigos que fiz em Oxford e que levo para toda a vida: obrigada Adir Fonseca Junior e Alex Mazzanti Junior, por todos os momentos divertidos e por terem sido tão acolhedores, por terem sido meu alicerce quando achava que nada daria certo. Também agradeço a Barbara Distefano, Daniel Fernández, Ália Rosa, Francisco Cidoncha, por terem compartilhado comigo tantos almoços, jantares, cafés e dias de estudos compartilhados na Sackler, Bodleian ou na Taylorian, sempre regados a muita brincadeira, risada e companheirismo. Obrigada Andrew Stiles por ter me integrado e apresentado aos classicistas de Oxford e me proporcionado participar de tanta discussão frutífera, bem como momentos excelentes de descontração. Agradeço também aos pesquisadores e professores Alexandre Piccolo (UFJF, in memoriam), Semíramis Silva (UFSM), Dominique dos Santos (Furb), Jéssica Frazão,
Damnatio memoriae? Antony and Cleopatra in Horace's poetry
Rónai – Revista de Estudos Clássicos e Tradutórios, 2015
This article examines how Horace represents Cleopatra and Mark Antony in his Odes and Epodes. In ... more This article examines how Horace represents Cleopatra and Mark Antony in his Odes and Epodes. In order to do so, Lyne's theory (1995), that Horace avoided direct vituperation of the great political personages of his time until Octavian, the future Augustus, won the Battle of Actium in 31 BC, was of use. Thus, starting from the theory of alterity of Jovchelovitch (1998) and also Girardet's concept of political mythology (1987), we seek to understand how Horace uses certain commonplaces to delegitimize the Egyptian queen and her consort.

O presente trabalho compõe o quadro conhecido dentro dos Estudos Clássicos como uma análise de re... more O presente trabalho compõe o quadro conhecido dentro dos Estudos Clássicos como uma análise de recepção, ou seja, um estudo que, como Martindale (2006, p. 1-2) apresenta, interliga o mundo antigo e outros períodos históricos, mostrando que os discursos antigos não ficam circunscritos em seu próprio tempo, havendo uma cadeia complexa de conexões entre eles e os mais diversos meios de difusão, entre eles a televisão, como é o nosso caso. Nesse processo, salienta-se que as relações entre os enunciados antigos e suas apropriações posteriores são produzidas no ponto de recepção, sendo o leitor essencial no processo interpretativo. Nesse artigo, analiso a personagem Otávio, da série Rome, da HBO, buscando evidenciar a aplicação do éthos proposto para a personagem, o de um garoto inteligente, prodígio, demonstrando que este se trata de um elemento já utilizado na tradição literária da Antiguidade para compor a imagem do futuro princeps. Para tal, utilizo o conceito de capital cultural, de ...

CODEX -- Revista de Estudos Clássicos, 2020
Quintiliano, em diversas passagens da sua Institutio oratoria (4.1.77; 10.1.88-9; 10.1.93), categ... more Quintiliano, em diversas passagens da sua Institutio oratoria (4.1.77; 10.1.88-9; 10.1.93), categoriza Ovídio e as suas obras de serem excessivamente lascivi. Diferentemente de Horácio, contudo, que exercia a crítica literária enquanto ocupava também o lugar social de poeta no principado augustano, Quintiliano a exerce em posição exclusiva de orador, em nome de uma instituição retórica sólida e voltada majoritariamente para o fórum público. Assim, não crendo ser lascivus apenas um vocábulo cujo significado é facilmente localizável num dicionário de língua latina, investigamos no presente trabalho o valor objetivamente retórico subjacente ao termo, e se é adequado ou não à obra ovidiana, analisando a variatio ou a variação genérica trabalhada por Ovídio, sobretudo, no mito de Eco e Narciso, presente no canto 3 das Metamorfoses. Para tal, aparelhamo-nos com estudos de Barchiesi (2006), Farrell (2009), Fedeli (2010), Fonseca (2015), Feldherr (2006), Harrison (2006), Hutchinson (2013), ...
CODEX – Revista de Estudos Clássicos, 2017
Nesse artigo, discutimos alguns aspectos da retórica e da filosofia presente na obra <em>Ep... more Nesse artigo, discutimos alguns aspectos da retórica e da filosofia presente na obra <em>Epístolas</em> de Horácio. Conforme a educação recebida pelos romanos e o modo de conceber o artefato literário no século I a.C., buscamos demonstrar que nesse livro Horácio se valeu do discurso deliberativo para compor a cenografia dos poemas e que a <em>persona</em> construída por Horácio pode ser vista como a de um poeta-filósofo.
Romanitas - Revista de Estudos Grecolatinos, 2015
Objetivamos, nesse artigo, discutir o potencial discursivo das moedas para o resgate de versões m... more Objetivamos, nesse artigo, discutir o potencial discursivo das moedas para o resgate de versões menos conhecidas de personagens famosas, como Cleópatra e Marco Antônio. Selecionamos uma série de moedas, cunhadas durante toda a vida dos consortes, para evidenciar como a moeda atendia a uma demanda retórica em meio a um período conflituoso, como foi principalmente o da década de 40 e 30 a.C. Dessa forma, apesar das dificuldades em encontrar o discurso de Antônio e Cleópatra por terem eles perdido a Batalha de Ácio (31 a.C.) e terem sido representados negativamente pela literatura, demonstraremos como as moedas auxiliaram a propagar as representações que o casal buscou para si (individual e conjuntamente), de acordo com o debate político da época.
Topoi (Rio de Janeiro), 2020
This paper identifies similarities between Horace’s and Cicero’s use of the termHomo novusas a po... more This paper identifies similarities between Horace’s and Cicero’s use of the termHomo novusas a positive connotation, which contrasts with the then prevailing view of the outsider as a negative element. We suggest that Horace might have drawn on elements from Cicero’s works to support the defense of his position within Roman society.

Damnatio memoriae? Antônio e Cleópatra na poesia de Horácio
O presente artigo analisa o modo como Horacio representa Cleopatra e Marco Antonio em suas Odes e... more O presente artigo analisa o modo como Horacio representa Cleopatra e Marco Antonio em suas Odes e Epodos . Para tal, apoiamo-nos na ideia de Lyne (1995), de que Horacio evitou vituperios diretos a grandes personagens da politica de seu tempo ate que Otavio, futuro Augusto, venceu a Batalha de Acio, em 31 a.C. Assim, partindo da teoria da alteridade de Jovchelovitch (1998) e tambem do conceito de mitologia politica de Girardet (1987), buscamos compreender a forma como Horacio utiliza-se de certos lugares-comuns para deslegitimar a atuacao da rainha egipcia e seu consorte. Palavras-chave: Horacio; Cleopatra; Marco Antonio; alteridade. Damnatio memoriae ? Antony and Cleopatra in Horace’s poetry Abstract This article examines how Horace represents Cleopatra and Mark Antony in his Odes and Epodes . In order to do so, Lyne’s theory (1995), that Horace avoided direct vituperation of the great political personages of his time until Octavian, the future Augustus, won the Battle of Actium in ...
O texto literário como fonte para a História: Horácio como vestígio do passado
O objetivo desse artigo e o de discutir o uso do texto literario antigo na pesquisa historica, a ... more O objetivo desse artigo e o de discutir o uso do texto literario antigo na pesquisa historica, a partir de alguns excertos das Epistolas e das Satiras do poeta latino Quinto Horacio Flaco. Abordaremos, tambem, algumas discussoes sobre o campo da Literatura e o da Historia, procurando aproxima-los e, ao mesmo tempo, diferencia-los.

The present piece composes the framework known within the Classical Studies as a reception analys... more The present piece composes the framework known within the Classical Studies as a reception analysis, that is, a study that, as presented by Martindale (2006, p. 1-2), links the ancient world and other historical periods, showing that ancient discourses are not confined in their own time, having a complex chain of connections between them and the most diverse media, including television, as here uit is analyzed. In this process, it is emphasized that the relations between the old statements and their later appropriations are produced at the point of reception, in which the reader is essencial in the interpretive process. In this article, I look at the character Otavio from HBO's Rome series, seeking to highlight the application of an ethos proposed for the character, of an intelligent boy, prodigy, demonstrating an element already used in the Ancient literary tradition to make up the image of the future princeps. To do so, I use Bourdieu's concept of cultural capital to argue...
The present article discusses about the representation of Octavius, Mark Antony and Cleopatra in ... more The present article discusses about the representation of Octavius, Mark Antony and Cleopatra in three coins, to reflect about how the ancient mintage contributed for these personages could shape their images to the populus romanus in general.
Organon, Jun 7, 2016
Resumo: Neste artigo, analisa-se a construção da personagem Cleópatra e da representação do Egito... more Resumo: Neste artigo, analisa-se a construção da personagem Cleópatra e da representação do Egito na obra De Bello Ciuili, de Lucano, tendo como pano de fundo a representação da mesma personagem em obras anteriores e o gênero épico em suas diferentes vertentes na literatura romana. Para tanto, o foco será o livro décimo da obra, no qual se encontram alusões a Cleópatra e ao Egito, discutindo seu papel na composição da representação da rainha egípcia e sua função na construção da obra.

Horácio e o uso poético-político do passado
Revista Brasileira de História
RESUMO O artigo analisa como o poeta Horácio se apropriou da tradição retórico-poética romana e g... more RESUMO O artigo analisa como o poeta Horácio se apropriou da tradição retórico-poética romana e grega de forma a estabelecer sua posição frente à sociedade romana, no contexto de alargamento de fronteiras e de fabricação de um novo regime político, o Principado de Augusto. O passado, sempre atualizado de acordo com as circunstâncias, é redefinido por Horácio na defesa de seu status, utilizando a sua vitoriosa carreira como um cursus poetarum em espelhamento ao cursus honorum, o que lhe conferia autoridade para proferir conselhos à elite imperial nascente bem como se dirigir a figuras poderosas. Ao longo do século I a.C., muitos novi homines, como Cícero e o próprio Horácio, ascenderam socialmente, sobretudo por sua atuação política e econômica. Como tais homens não possuíam um passado louvável no qual poderiam se apoiar para se estabelecerem política e socialmente, empregaram estratégias retóricas para reescreverem o passado, utilizando-o como ferramenta para se fortalecerem no jogo...

Horácio e o uso poético-político do passado
Revista Brasileira de História
RESUMO O artigo analisa como o poeta Horácio se apropriou da tradição retórico-poética romana e g... more RESUMO O artigo analisa como o poeta Horácio se apropriou da tradição retórico-poética romana e grega de forma a estabelecer sua posição frente à sociedade romana, no contexto de alargamento de fronteiras e de fabricação de um novo regime político, o Principado de Augusto. O passado, sempre atualizado de acordo com as circunstâncias, é redefinido por Horácio na defesa de seu status, utilizando a sua vitoriosa carreira como um cursus poetarum em espelhamento ao cursus honorum, o que lhe conferia autoridade para proferir conselhos à elite imperial nascente bem como se dirigir a figuras poderosas. Ao longo do século I a.C., muitos novi homines, como Cícero e o próprio Horácio, ascenderam socialmente, sobretudo por sua atuação política e econômica. Como tais homens não possuíam um passado louvável no qual poderiam se apoiar para se estabelecerem política e socialmente, empregaram estratégias retóricas para reescreverem o passado, utilizando-o como ferramenta para se fortalecerem no jogo...
Reinventing the concept of homo novus in Rome: Cicero as Horace’s role model
Topoi, 2020
This paper identifies similarities between Horace’s and Cicero’s use of the termHomo novusas a po... more This paper identifies similarities between Horace’s and Cicero’s use of the termHomo novusas a positive connotation, which contrasts with the then prevailing view of the outsider as a negative element. We suggest that Horace might have drawn on elements from Cicero’s works to support the defense of his position within Roman society.

Codex, 2020
RESUMO: Quintiliano, em diversas passagens da sua Institutio oratoria (IV, 1, 77; X, 1, 88-9; X, ... more RESUMO: Quintiliano, em diversas passagens da sua Institutio oratoria (IV, 1, 77; X, 1, 88-9; X, 1, 93), categoriza Ovídio e as suas obras de serem excessivamente lascivi. Diferentemente de Horácio, contudo, que exercia a crítica literária enquanto ocupava também o lugar social de poeta no principado augustano, Quintiliano a exerce em posição exclusiva de orador, em nome de uma instituição retórica sólida e voltada majoritariamente para o fórum público. Assim, não crendo ser lascivus apenas um vocábulo cujo significado é facilmente localizável num dicionário de língua latina, investigamos no presente trabalho o valor objetivamente retórico subjacente ao termo, e se é adequado ou não à obra ovidiana, analisando a variatio ou a variação genérica trabalhada por Ovídio, sobretudo, no mito de Eco e Narciso, presente no canto 3 das Metamorfoses. Para tal, aparelhamo-nos com estudos de Barchiesi (2006), Farrell (2009), Fedeli (2010), Fonseca (2015), Feldherr (2006), Harrison (2006), Hutchinson (2013), Keith (2002), Oliva Neto (2013), Pavlock (2009) Perutelli (2010), Vansan (2016) entre outros sobre o uso dos gêneros poéticos em Ovídio, e com estudos de Feldherr (2006) e Fox (2007) sobre a relação entre retórica e literatura, a posição de Quintiliano e sob que instância de poder fala quando rotula Ovídio de lascivus.

Revista Brasileira de História, 2020
Resumo O artigo analisa como o poeta Horácio se apropriou da tradição retórico-poética romana e g... more Resumo O artigo analisa como o poeta Horácio se apropriou da tradição retórico-poética romana e grega de forma a estabelecer sua posição frente à sociedade romana, no contexto de alargamento de fronteiras e de fabricação de um novo regime polí-tico, o Principado de Augusto. O passa-do, sempre atualizado de acordo com as circunstâncias, é redefinido por Horácio na defesa de seu status, utilizando a sua vitoriosa carreira como um cursus poeta-rum em espelhamento ao cursus hono-rum, o que lhe conferia autoridade para proferir conselhos à elite imperial nas-cente bem como se dirigir a figuras pode-rosas. Ao longo do século I a.C., muitos novi homines, como Cícero e o próprio Horácio, ascenderam socialmente, so-bretudo por sua atuação política e econô-mica. Como tais homens não possuíam um passado louvável no qual poderiam se apoiar para se estabelecerem política e socialmente, empregaram estratégias re-tóricas para reescreverem o passado, uti-lizando-o como ferramenta para se forta-lecerem no jogo do poder. Palavras-chave: Horácio; homo novus; usos do passado.
Abstract In this paper, we analyze how Horace, the Roman poet, took on the Greek and Roman rhetorical and poetical traditions in order to establish his own social role, within a context of widening of boundaries and fabrication of a new political regime , the Augustan Principate. The past, always updated according to circumstances , is redefined by Horace in defense of his status, by using his successful career as his cursus poetarum, mirroring the cursus honorum, to confer him authority to advise the newborn imperial elite, as well as converse with powerful figures. Throughout the first century BC, many novi homines, such as Cicero and Horace himself, socially ascended, mainly due to their political and economic performance. As these men did not have a laudable past on which they could rely to establish themselves socially and politically , they employed rhetorical strategies to rewrite the past, using it as a tool to strengthen their own sides in the game of power.

Heródoto, 2019
The present piece composes the framework known within the Classical Studies as a reception analys... more The present piece composes the framework known within the Classical Studies as a reception analysis, that is, a study that, as presented by Martindale (2006, p. 1-2), links the ancient world and other historical periods, showing that ancient discourses are not confined in their own time, having a complex chain of connections between them and the most diverse media, including television, as here uit is analyzed. In this process, it is emphasized that the relations between the old statements and their later appropriations are produced at the point of reception, in which the reader is essencial in the interpretive process. In this article, I look at the character Otavio from HBO's Rome series, seeking to highlight the application of an ethos proposed for the character, of an intelligent boy, prodigy, demonstrating an element already used in the Ancient literary tradition to make up the image of the future princeps. To do so, I use Bourdieu's concept of cultural capital to argue about the process of creating the show, and I also make use of some ancient texts, such as Suetonius' Life of Augustus and Cicero's Phillipics.
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vol. 5, n. 1 (2017) by Camilla Ferreira Paulino da Silva
Abstract: In this article, we discuss some aspects of rhetoric and philosophy in the work Epistles of Horace. According to the education received by Romans and the way of conceive the literary artifact in the first century BC, we sought to demonstrate that in this book Horace used the deliberative speech to compose the scenography of his poems and also that the persona constructed by Horace can be seen as that of a poet-philosopher.
Papers by Camilla Ferreira Paulino da Silva
Abstract In this paper, we analyze how Horace, the Roman poet, took on the Greek and Roman rhetorical and poetical traditions in order to establish his own social role, within a context of widening of boundaries and fabrication of a new political regime , the Augustan Principate. The past, always updated according to circumstances , is redefined by Horace in defense of his status, by using his successful career as his cursus poetarum, mirroring the cursus honorum, to confer him authority to advise the newborn imperial elite, as well as converse with powerful figures. Throughout the first century BC, many novi homines, such as Cicero and Horace himself, socially ascended, mainly due to their political and economic performance. As these men did not have a laudable past on which they could rely to establish themselves socially and politically , they employed rhetorical strategies to rewrite the past, using it as a tool to strengthen their own sides in the game of power.