Apontamentos Sobre “Cidades Da Patrimonialização Global”
2018, Finisterra
https://doi.org/10.18055/FINIS11805Abstract
Pensar a patrimonialização global enquanto processo e como fenômeno espacial que se universaliza é o desafio assumido para o pensamento sobre as novas práticas de planejamento direcionadas a cidades-patrimônio. a espetacularização dessas, no ato do patrimonializar, está em vívido debate há alguns anos, sob óticas interdisciplinares diversas (Jeudy, 2005; Choay, 2006). nesse viés, a realização de uma crítica a esse processo, que problematize o discurso da materialidade do espaço e compreenda a organicidade da cidade e o seu ordenamento territorial, é fundamental para que se avaliem os contornos que a patrimonialização adquire no século XXi e, ademais, construir uma tese propositiva aos habitantes de cidades mercantilizadas via patrimônio que seja embasada na realidade urbana por eles vivenciada. O livro Cidades da patrimonialização global: simultaneidade totalidade urbana-totalidade-mundo do geógrafo brasileiro everaldo Batista da Costa, publicado em 2015, trata dos usos e das apropriações do território urbano no contexto do processo que denomina patrimonialização global. Como se dá o reordenamento territorial (em totalidade) dos centros históricos de seletas cidades do mundo e da vida das populações locais é a questão de matriz eminentemente geográfica a ser respondida. O autor, nesse intento, parte do método dialético (e, enquanto teoria geográfica, da dialética espacial) para questionar a essência e a aparência, o trato do território urbano, a partir da categoria totalidade, cara à Geografia Crítica. a seguir, apresentamos as três partes que constituem o livro, indicando, sinteticamente, os motes centrais desenvolvidos pelo autor em cada uma delas. i. DiaLÉtiCa Da MeMÓria e as CiDaDes-PatriMÔniO nO BrasiL na primeira parte do livro, Costa define patrimonialização global e dialética da memória para a compreensão da relação urbanização vs. tomada econômico-cultural da cidade antiga. a patrimonialização global é entendida como vetora de uma ordem patrimonial universal, a qual incide sobre os aconteceres no e do território; pelo método dialético, o autor problematiza a verticalidade da patrimonialização global face às horizontalidades próprias à memória, ao uso e às apropriações populares do território e de setores da cidade. Já a dialética da memória é constituída enquanto «a memória coletiva