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Espectros do espetaculo

Abstract

Omne enim spectacvlum sine concvssione spiritvs non est Tertuliano, De Spectacvlis 1. O primeiro capítulo de A sociedade do espetáculo tem como epígrafe um trecho do Prefácio à segunda edição de A essência do cristianismo, onde Feuerbach escreveu que "sem dúvida o nosso tempo... prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser" e recebeu o nome de "A separação acabada" ("La séparation achevée"). A separação à qual Debord parece se referir é, primeiramente, aquela existente entre imagem e realidade, como fica claro no §7: A separação faz, ela mesma, parte da unidade do mundo, da práxis social global que está cindida entre realidade e imagem. A prática social, diante da qual se põe o espetáculo autônomo, é também a totalidade real que contém o espetáculo. Mas a cisão nesta totalidade a mutila a ponto de fazer aparecer o espetáculo como sua finalidade. A cisão entre realidade e imagem levada a cabo no mundo da "práxis social global" repete-se no interior dos indivíduos, como se lê no §20: "O espetáculo é a realização técnica do exílio dos poderes humanos para um além; a cisão acabada no interior do homem". No §167, a idéia é reforçada: "Esta sociedade, que suprime a distância geográfica, reproduz exata distância, internamente, como separação espetacular". O espetáculo é o poder separado (SE §25).