Phd Thesis by Fábio Ribeiro

Será porventura intrínseco à natureza dos meios de comunicação social um determinado
apelo à impl... more Será porventura intrínseco à natureza dos meios de comunicação social um determinado
apelo à implicação daqueles a quem se dirigem (Wolton, 2009; Carpentier & Cleen, 2008). No
caso específico do jornalismo, discute-se hoje a natureza de uma eventual maior propensão de
trocas comunicativas entre os média e os cidadãos, por via de condições técnicas e tecnológicas
favoráveis (Cruz & Bragança, 2002; Harley, 1996), capazes de retroalimentar os processos
comunicativos, transfigurando os estáticos papeis de emissor e recetor (Cloutier, 2002). No seio
dos estudos em Comunicação, este movimento dialético entre o jornalismo e o público associase
frequentemente ao conceito de ‘participação nos média’, como o momento em que as
audiências conseguem inscrever a sua voz no discurso jornalístico num determinado formato
(Carpentier, 2011; Pinto, 2010; Deuze, 2006, Huesca, 1996).
Ora, recortando apenas uma dessas esferas onde este complexo termo intervém, esta
investigação problematiza, em primeiro lugar, o conceito de cidadania enquadrado no espaço
público e mais concretamente nos média para, num segundo momento, refletir sobre os
condicionalismos tecnológicos que servem audiências potencialmente mais ativas e envolvidas
no discurso jornalístico. Desta forma, o presente trabalho procura avaliar de que forma está
montado o ‘cenário participativo’ nos média portugueses, conhecendo os cidadãos que dele
tomam parte e compreendendo as políticas levadas a cabo pelos responsáveis mediáticos. Para
tal, convocámos uma amostra que procura representar uma abordagem multidisciplinar do
jornalismo, concretizada em diversos espaços participativos: na rádio, o Fórum TSF da TSF –
Rádio Notícias; na televisão, o Opinião Pública da SIC Notícias; na imprensa, o Jornal de Notícias
com as Cartas do Leitor, e na imprensa online a edição do PÚBLICO com as caixas de
comentário às notícias. Resgatando um conceito tradicionalmente associado ao campo político
(Dahlgren, 2006), procuramos atualizá-lo numa perspetiva reconfigurada, num novo paradigma
comunicacional, conscientes de que poderá ser crucial repensar esta relação em épocas de
contenção orçamental e financeira, uma vez que estará inclusivamente em causa a própria
sobrevivência dos meios que dependem inexoravelmente das audiências.
Masters Thesis by Fábio Ribeiro

Pensar a rádio no contexto das novas tecnologias da informação não deve ser
tarefa alheada de uma... more Pensar a rádio no contexto das novas tecnologias da informação não deve ser
tarefa alheada de uma das características mais marcantes do meio radiofónico: a sua
associação ao telefone e, por conseguinte, à sua capacidade para escutar o próprio
ouvinte. Na verdade, é sob o signo da participação dos leitores, ouvintes e
telespectadores que muitos estudos têm organizado os desafios do digital e da
potencial interactividade entre aqueles que nos habituámos a reconhecer na qualidade
de emissores e receptores. Orientada pela experiência curricular de três meses na
redacção da TSF – Rádio Jornal (no período de Novembro de 2007 a Fevereiro de
2008), a presente dissertação procura também ser um contributo neste domínio. Não
permitindo, porém, a natureza deste trabalho, uma tarefa demasiado ambiciosa, tomase
aqui como pretexto de um processo de questionação, apenas um programa em
concreto, o Fórum da TSF, organizando-se uma reflexão em torno da seguinte
interrogação: “Que razões levam à participação dos ouvintes num espaço de opinião
pública?”
O tronco central desta dissertação visa, portanto, questionar os motivos que
levam o ouvinte a participar em programas de antena aberta. Tratar-se-á de uma
participação motivada por um particular desejo de alterar, de algum modo, a realidade
política, social ou cultural? Ou, pelo contrário, tratar-se-á de uma participação
desinteressada, justificada apenas pelo próprio prazer de emitir opinião?
Partem estas questões da observação de um episódio particular. Em
Dezembro de 2007, surgiram informações em todos os meios de comunicação social
do país acerca da intenção do Governo de cobrar, aos portugueses, uma taxa de
utilização de sacos de plástico, em todos os supermercados e hipermercados do país.
A notícia foi objecto de debate em vários espaços de opinião pública, incluindo o
Fórum da TSF. A nota dominante nestes espaços foi, precisamente, a onda de
reacções negativas dos participantes sobre o tema. A verdade é que o Governo, pelo
menos no curto prazo, recuou, aparentemente deixando cair a intenção anunciada.
Não pretendendo analisar este caso em concreto, mas tomá-lo apenas como
pretexto, concentra-se este relatório especialmente na exploração das motivações dos
ouvintes. Para tanto, apresenta-se em matéria de conclusões o resultado de um
inquérito por questionário a uma amostra acidental de ouvintes/participantes.
Articles in scientific journals by Fábio Ribeiro

Comparative Sociology, 2025
This study aims to analyze and compare the media coverage of femicide cases in Portugal
and Türki... more This study aims to analyze and compare the media coverage of femicide cases in Portugal
and Türkiye, as well as the comments posted by social media users on femicide news
stories, to understand the dynamics at play. Therefore, a sample from the Portuguese and
Turkish media was collected, and a one-year analysis of the mainstream news sources
was performed. The authors observed significant differences between the two countries.
The Portuguese media tends to provide little coverage on femicide, not including victims’
age and marital status and only offering a brief description of the crimes. In contrast,
Turkish media provide more thorough coverage by incorporating detailed information,
including emotional descriptions, and engaging more in sensationalism. Facebook comments show that users from both countries reveal their real identities, while Turkish comments tend to exhibit greater aggression and more spelling mistakes.

Radiofonias – Revista De Estudos em Mídia Sonora, 2024
Embora não se possa assinalar a entrada triunfal dos ecrãs como um elemento próprio e distintivo ... more Embora não se possa assinalar a entrada triunfal dos ecrãs como um elemento próprio e distintivo da atualidade, diversos sinais apontam para a cristalização de uma cultura cada vez mais visual e imagética do que propriamente sonora. Este artigo procura inspirar-se neste pressuposto para retomar e recordar o papel significativo do som como elemento educativo e cultural, ao mesmo tempo em que se apresentam algumas experiências realizadas de promoção da educação para os média através de formatos sonoros. Deste modo, concluiu-se que quando académicos e investigadores pretendem abordar questões que se colocam à esfera sonora, junto de públicos específicos, abordam tipicamente este assunto a partir da estrutura clássica da programação radiofónica. Quanto a estratégias de literacia mediática, utilizando formatos sonoros, parece claro que o serviço público de radiodifusão se encontra isolado na tentativa de promover alguma agenda de reflexão sobre os média.

Estudos Ibero-Americanos, 2024
A lusofonia é um conceito pós-colonial, não podendo ser encarado em associação com qualquer tipo ... more A lusofonia é um conceito pós-colonial, não podendo ser encarado em associação com qualquer tipo de 'portugalidade', termo cunhado durante o Estado Novo e alinhado com o slogan “Portugal do Minho a Timor”, então vigente. A lusofonia ficaria, desde logo, amputada se correspondesse apenas aos falantes de português espalhados pelo mundo e não consubstanciasse um lugar simbólico e cultural, extravasando essa correspondência semântica de proximidade que lhe esteve na origem, num mundo cada vez mais globalizado, que se inscreve no presente. Desvia-se, assim, da ideia da existência de uma língua única e de um ideário sem os quais não haveria promessa de continuidade entre Portugal e as suas então províncias ultramarinas.
Por não se tratar de um assunto encerrado, o passado colonial pode revelar-se problemático. O conceito de lusofonia encerra, assim, algumas clivagens, não tendo sido por acaso que o acordo de formalização da CPLP (1996) tenha deixado de fora a palavra, não devido a uma mera coincidência, mas por remeter etimologicamente para uma centralidade portuguesa. E, mesmo que se afirme que já tudo foi escrito sobre a lusofonia, faltando apenas colocá-la em prática, ela não é consensual, havendo vários equívocos que têm que ser dirimidos para que se assuma na sua dinâmica pós-colonial.
Este artigo propõe observar o percurso da lusofonia através da publicação de notícias nos média online lusófonos, que permita vislumbrar o alinhamento do que vai sendo publicado em relação com as políticas desenvolvidas por alguns países membros da CPLP, principalmente em Angola. Como metodologia, foi utilizada uma amostragem não probabilística, tendo o processo sido desenvolvido por acessibilidade ou conveniência. A recolha de dados foi feita através de documentação indireta, em que na pesquisa se utilizaram as notícias dos média lusófonos que estavam disponíveis online.

Prâksis, 2024
A partir da teoria das representações sociais (TRS), bem como das teorias do agendamento social (... more A partir da teoria das representações sociais (TRS), bem como das teorias do agendamento social (agenda-setting) e do enquadramento noticioso (framing), foi desenvolvido um estudo sobre como a construção mediática se desenvolve a partir de uma agenda local e outra global. Recorrendo a metodologia da Análise Crítica do Discurso (ACD), foram analisadas um total de quatro peças jornalísticas produzidas, durante os primeiros dias após a passagem do ciclone Idai por Moçambique, em 2019, pela Televisão de Moçambique e pela Euronews (duas para cada meio de comunicação social). Desta análise resultam duas linhas de reflexão: 1) as fontes de informação foram selecionadas como mecanismo de visibilidade local, perante a omissão global da presença do Estado Moçambicano nas zonas afetadas; 2) O apelo à solidariedade como uma narrativa nacionalista local e “moralista” global. Este estudo apresenta ainda um breve debate sobre a (im)possibilidade de considerar o jornalismo como alternativa discursiva para a construção de abordagens mais equilibradas sobre a diversidade sociocultural entre países considerados como os centros do mundo e os da periferia. Por fim, este artigo sugere um maior investimento científico na teorização da possibilidade de um jornalismo colaborativo entre o centro e a periferia, entre o global e o local, entre os mútuos “outros”, capaz de assegurar a construção e a representação da realidade sobre desastres naturais e crises humanitárias que enalteçam, de forma holística, os esforços locais e globais para prestar apoio humanitário e na reconstrução pós-desastre.

Rotura – Revista De Comunicação, Cultura e Artes, 2024
A televisão continua a representar uma parte importante do investimento publicitário de muitas ma... more A televisão continua a representar uma parte importante do investimento publicitário de muitas marcas portuguesas. Centrando-se em dados sobre o impacto da televisão no orçamento publicitário das marcas e tendo como contexto a época natalícia, caracterizada por um forte investimento em campanhas publicitárias, este estudo procura responder à seguinte questão: que tipo de apelos são veiculados nos anúncios de Natal das marcas que mais investem em publicidade em Portugal? Com base numa metodologia qualitativa, esta investigação centrou-se na análise de conteúdo
dos anúncios de Natal veiculados pelas televisões portuguesas generalistas (públicas e privadas) em
2022 que mais investiram em publicidade. Os resultados sugerem as marcas de retalho como protagonistas nas campanhas publicitárias de Natal em Portugal, realizando produções de grande visibilidade, com mensagens expressivas e orçamentos avultados. Notaram-se, ainda, algumas particularidades: os retalhistas enfatizam o valor “família”, utilizando os seus próprios produtos; as empresas de telecomunicações, insistindo no valor comercial, apostam em narrativas com uma forte dimensão emocional, na medida em que são explorados temas como a solidão e a saúde mental.

Anuario Electrónico de Estudios en Comunicación Social - Disertaciones, 2023
O fact-checking é uma prática jornalística muito recente em Portugal. Nenhum estudo até agora pro... more O fact-checking é uma prática jornalística muito recente em Portugal. Nenhum estudo até agora procurou entender a atitude do público em relação a este novo fenómeno. Metodologia: este estudo exploratório, com base em um questionário online (N = 618), teve como objetivo investigar a atitude e a perceção dos portugueses em relação ao fact-checking, analisando o efeito das práticas de consumo de informação, os aspetos sociodemográficos e a orientação política dos indivíduos. Os nossos resultados mostram que a maioria é favorável ao fact-checking e está familiarizada com a prática. No entanto, os níveis de familiaridade são reduzidos e estão abaixo do esperado, uma vez que 40 % dos entrevistados não conhecem este género jornalístico. Além disso, encontramos um ceticismo significativo, por parte dos participantes, em relação à ética dos fact-checkers. Corroborando com outros estudos, os jovens e os mais instruídos são mais favoráveis e mais familiarizados com o fact-checking. Ao contrário de outros estudos, os nossos resultados não mostram qualquer efeito da orientação política e ideológica sobre os níveis de aceitação e familiaridade. Este estudo levanta vários desafios relevantes, demonstrando que as pessoas podem não estar tão familiarizadas com o fact-checking como seria de esperar e que existe uma grande desconfiança no rigor e imparcialidade dos fact-checkers, o que pode ser um obstáculo à correção da desinformação.
Media & Jornalismo, 2023
Uma aula de Jornalismo que se constrói a partir das mais importantes memórias do icónico repórt... more Uma aula de Jornalismo que se constrói a partir das mais importantes memórias do icónico repórterpolacoRyszard Kapuściński. Assim se poderia resumir a obra Os Cínicos Não Servem Para Este Ofício. Conversas sobre o Bom Jornalismo, em que Kapuściński explica como é que a profissão de jornalista nunca pode desligar-se da História, Fotografia e Literatura. Que escrever sobre um mundo “euro-cêntrico”, de uma sociedade mundial que engole e minimiza tudo o que é particular e local, conti-nua a ser um problema. Uma discussão extensa, dividida em três partes, organizada por Maria Nadotti, tradutora, ensaísta e também jornalista.

Revista de Letras, 2023
The migration of radio, traditionally restricted to FM, to new digital environments, where websit... more The migration of radio, traditionally restricted to FM, to new digital environments, where websites, social networks and mobile applications surround, has become the new oasis of radio communication. Many have praised the transition that radios have made to digital, however, this optimism coexists with many doubts, either by the difficult profitability or by the huge effort that this technical transition requires from broadcasters. This article is based on a case study of Rádio Onda Viva, in Póvoa de Varzim, the first broadcaster in this municipality, which started as a pirate radio station, but, with the Radio Law of 1989, managed to obtain a licence and remains active until today. The observation of the digital transition of this historical broadcaster allowed us to understand that the online presence of this local radio station is quite strong, but the traditional FM broadcast still remains the priority. It was also perceived that, occasionally, it tries to expand geographically both broadcasts (traditional and online), and interact more with listeners; however, it lacks more durable and effective interaction strategies.

Biblos, 2023
As migrações fazem parte das movimentações humanas desde que a Humanidade se reconhece como tal. ... more As migrações fazem parte das movimentações humanas desde que a Humanidade se reconhece como tal. Independentemente do grau de proximidade com a problemática das migrações, onde refugiados, migrantes e imigrantes lutam por condições dignas, parece ser consensual admitir que os meios de comunicação social oferecem visões que importa conhecer e problematizar. É este o propósito genérico deste artigo, que analisou a forma como, em 2022, os principais jornais online de Portugal, Espanha, Brasil e Argentina retrataram as migrações dos refugiados nos mais diversos espaços jornalísticos. A partir de uma amostra de 232 notícias, concluiu-se que a maioria dos conteúdos é perspetivada na editoria "Internacional" (54,7%), no entanto predominam abordagens sobre a integração dos refugiados na sociedade e a participação dos países no palco mediático sobre estes assuntos. Para além de não existirem diferenças significativas entre países, apenas nuances, os resultados globais indicam uma prevalência de notícias que abordam os refugiados de uma perspetiva negativa, em 40,09%.

Palabra Clave, 2023
Cuando la OMS declaró la pandemia de covid-19 en marzo de 2020, los científicos desconocían la ex... more Cuando la OMS declaró la pandemia de covid-19 en marzo de 2020, los científicos desconocían la existencia de esta enfermedad. Al mismo tiempo, la ONU pidió esfuerzos concertados para difundir datos científicos sobre el virus. Si desde el punto de vista médico y biológico se conoce la respuesta a la pandemia, que sería decisiva para combatir el virus, poco se sabe de las preocupaciones que ocupaban a los investigadores de las Ciencias de la Comunicación en un momento en que era necesario transmitir mensajes de riesgo a la población. A partir de una muestra de las 20 revistas más destacadas en el índice Scopus, se buscó caracterizar la investigación que cruzó la pandemia con la comunicación en el primer año de esta crisis (marzo 2020-marzo 2021). En los 42 trabajos sobre la covid-19, se concluye que los investigadores no trabajaron en una lógica de asociación internacional, donde se han destacado las preocupaciones sobre los impactos digitales de la covid-19 en la sociedad.

Revista Prâksis , 2024
Fundada em 1921, a revista Seara Nova destaca-se no panorama mediático português não ... more Fundada em 1921, a revista Seara Nova destaca-se no panorama mediático português não apenas pela sua longevidade. Durante anos, foi um dos símbolos da resistência ao regime ditatorial liderado por António Salazar (1926-1968) e Marcelo Caetano (1968-1974), sobrevivendo a inúmeras censuras e atentados à liberdade de expressão, com uma proposta editorial que noticiava os problemas do país e diversas situações que marcavam a atualidade internacional e com um olhar atento aos países africanos de língua oficial portuguesa. A partir de uma delimitação temporal (1959-1979) e abordando apenas duas temáticas – a cobertura de assuntos da África de língua portuguesa e os acontecimentos internacionais – este artigo observa a mediatização destes assuntos retratados na primeira página da revista Seara Nova. A análise efetuada às 225 edições, ao longo de duas décadas, permite concluir, por exemplo, que os assuntos internacionais ocupavam um espaço diminuto, mas relevante do ponto de vista editorial. O líder cubano Fidel Castro surge como figura mais vezes retratada, ao mesmo tempo que alguns conflitos militares e políticos menos mediáticos, como o Perú, Chile e a República Dominicana também surgem com frequência. A revista esteve, ainda, atenta aos feitos científicos da altura, como a chegada do Homem à Lua, e manifestou sempre um interesse claro pela literatura, com a recusa do Nobel por Sarte, a morte de Albert Camus ou a passagem de Jorge Amado por Portugal, assim como as mudanças de poder nas ex-colónias. Esta investigação sugere, por fim, que a revista sobreviveu ao regime ditatorial e que a transição para a democracia foi relativamente inócua para o tratamento de assuntos internacionais.

Saúde e Sociedade, 2024
Centrando-se no impacto que a comunicação
de risco emitida pelas organizações de saúde
pública te... more Centrando-se no impacto que a comunicação
de risco emitida pelas organizações de saúde
pública tem na mudança dos comportamentos da
sociedade, esta investigação pretende analisar as
mensagens-chave que a Organização Mundial de
Saúde (OMS) definiu para promover o programa
de vacinação contra a covid-19. Para cumprir este
objetivo, enveredou-se por uma metodologia de
estudo qualitativa, que privilegiou o uso da análise
do conteúdo publicado nas páginas de Facebook e
de Instagram da OMS, no período de 1 de abril a
31 de agosto de 2021. No total, foram analisadas
62 publicações. Os resultados mostraram que a
OMS utilizou quatro eixo de comunicação para
promover a importância da vacinação na sociedade:
garantir a credibilidade e a transparência da
informação transmitida; certificar a segurança
e a eficácia da vacina; apelar ao sentido de
responsabilidade coletiva; e associar a vacina à
solução para pôr fim à pandemia. As conclusões do
estudo mostram que, embora a equidade no acesso
à vacina ainda seja uma realidade em construção,
os quase 70% da população mundial vacinada
sugerem que as mensagens enviadas pela OMS
no contexto de comunicação de risco podem ter
contribuído para a construção de uma imagem
positiva do programa de vacinação.
European Journal of Communication, 2022
Sending letters to newspapers seems quite old-fashioned in this post-electronic era. Citizens
hav... more Sending letters to newspapers seems quite old-fashioned in this post-electronic era. Citizens
have now other possibilities to be visible. However, this has not prevented authors Allison
Cavanagh and John Steel to publish Letters to the Editor. Comparative and Historical
Perspectives, hence delivering a passionate defence of this classic way of communication
between readers and the media. Throughout nine chapters, 15 contributors engage in a
remarkable discussion about the social, political and communicative dimensions of the
letters to the editor. It is not a one-sided manifesto: authors acknowledge several pitfalls
and downhills of citizens’ intervention in the media, as described early on.
Comunicação, Mídia e Consumo, 2021
During emergencies (floods, earthquakes, fires, etc.), access to accurate
information can be deci... more During emergencies (floods, earthquakes, fires, etc.), access to accurate
information can be decisive to ensure people’s safety. Some digital resources
(websites, social networks and mobile applications) are currently geared towards
this purpose. This article seeks to evaluate experiences of this nature, in countries
such as Japan, Mexico, Spain, etc., through a non-probabilistic sample, a manifest and latent content analysis, and a semi-structured interview with the
head of the Fogos.pt project in Portugal. The results suggest that the exchange
of information during these periods varies between volunteering and contracting
a service. Positive contributions from citizens often go hand in hand with misinformation
campaigns aimed at misleading public opinion and creating false
solidarity campaigns.

Signo y Pensamiento, 2022
Ao longo da última década, tem-se assistido a um intenso debate sobre a relevância dos comentário... more Ao longo da última década, tem-se assistido a um intenso debate sobre a relevância dos comentários às notícias online. Alguns investigadores questionam o discurso de ódio verificado nesses espaços, outros destacam a partilha de opiniões entre cidadãos. Este artigo propõe uma ferramenta metodológica de medição da qualidade dos comentários às notícias online, utilizando uma amostra de 300 comentários em sites com grande visibilidade em Portugal (Público; Sapo), Espanha (El País; 20 Minutos) e Brasil (UOL; Folha S. Paulo). Os resultados revelam que os comentadores utilizam tendencialmente um nome próprio, uma argumentação pouco pessoal (82,3%), relevante para a discussão em causa (60,3%), com um número reduzido de erros ortográficos/gramaticais (14,7%) e intervenções agressivas (31,7%). Seguindo o Modelo de Avaliação de Políticas dos Comentários Online (MAPCO), comprovou-se que sites que apostam em sistemas classificados de qualidade na moderação dos comentários
conseguem atrair intervenções mais relevantes e oportunas.
Motricidade, 2022
Este artigo pretende refletir sobre a dimensão mediática do fenómeno racismo na primeira página d... more Este artigo pretende refletir sobre a dimensão mediática do fenómeno racismo na primeira página dos jornais, a partir da análise de três episódios polémicos observados no futebol, que envolveram jogadores negros, a saber, Moussa Marega, Pierre Webó e Mouctar Diakhaby, entre 2020 e 2021. Opta-se por uma metodologia qualitativa, com a análise formal e textual de um corpus selecionado das primeiras páginas de periódicos generalistas e desportivos. Através deste estudo de caso, conclui-se que o corpus, na generalidade, representa uma condenação das alegadas atitudes racistas enquanto crime público, quer através do discurso linguístico quer através das imagens selecionadas, gerando uma narrativa de solidariedade para com os futebolistas envolvidos.
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Phd Thesis by Fábio Ribeiro
apelo à implicação daqueles a quem se dirigem (Wolton, 2009; Carpentier & Cleen, 2008). No
caso específico do jornalismo, discute-se hoje a natureza de uma eventual maior propensão de
trocas comunicativas entre os média e os cidadãos, por via de condições técnicas e tecnológicas
favoráveis (Cruz & Bragança, 2002; Harley, 1996), capazes de retroalimentar os processos
comunicativos, transfigurando os estáticos papeis de emissor e recetor (Cloutier, 2002). No seio
dos estudos em Comunicação, este movimento dialético entre o jornalismo e o público associase
frequentemente ao conceito de ‘participação nos média’, como o momento em que as
audiências conseguem inscrever a sua voz no discurso jornalístico num determinado formato
(Carpentier, 2011; Pinto, 2010; Deuze, 2006, Huesca, 1996).
Ora, recortando apenas uma dessas esferas onde este complexo termo intervém, esta
investigação problematiza, em primeiro lugar, o conceito de cidadania enquadrado no espaço
público e mais concretamente nos média para, num segundo momento, refletir sobre os
condicionalismos tecnológicos que servem audiências potencialmente mais ativas e envolvidas
no discurso jornalístico. Desta forma, o presente trabalho procura avaliar de que forma está
montado o ‘cenário participativo’ nos média portugueses, conhecendo os cidadãos que dele
tomam parte e compreendendo as políticas levadas a cabo pelos responsáveis mediáticos. Para
tal, convocámos uma amostra que procura representar uma abordagem multidisciplinar do
jornalismo, concretizada em diversos espaços participativos: na rádio, o Fórum TSF da TSF –
Rádio Notícias; na televisão, o Opinião Pública da SIC Notícias; na imprensa, o Jornal de Notícias
com as Cartas do Leitor, e na imprensa online a edição do PÚBLICO com as caixas de
comentário às notícias. Resgatando um conceito tradicionalmente associado ao campo político
(Dahlgren, 2006), procuramos atualizá-lo numa perspetiva reconfigurada, num novo paradigma
comunicacional, conscientes de que poderá ser crucial repensar esta relação em épocas de
contenção orçamental e financeira, uma vez que estará inclusivamente em causa a própria
sobrevivência dos meios que dependem inexoravelmente das audiências.
Masters Thesis by Fábio Ribeiro
tarefa alheada de uma das características mais marcantes do meio radiofónico: a sua
associação ao telefone e, por conseguinte, à sua capacidade para escutar o próprio
ouvinte. Na verdade, é sob o signo da participação dos leitores, ouvintes e
telespectadores que muitos estudos têm organizado os desafios do digital e da
potencial interactividade entre aqueles que nos habituámos a reconhecer na qualidade
de emissores e receptores. Orientada pela experiência curricular de três meses na
redacção da TSF – Rádio Jornal (no período de Novembro de 2007 a Fevereiro de
2008), a presente dissertação procura também ser um contributo neste domínio. Não
permitindo, porém, a natureza deste trabalho, uma tarefa demasiado ambiciosa, tomase
aqui como pretexto de um processo de questionação, apenas um programa em
concreto, o Fórum da TSF, organizando-se uma reflexão em torno da seguinte
interrogação: “Que razões levam à participação dos ouvintes num espaço de opinião
pública?”
O tronco central desta dissertação visa, portanto, questionar os motivos que
levam o ouvinte a participar em programas de antena aberta. Tratar-se-á de uma
participação motivada por um particular desejo de alterar, de algum modo, a realidade
política, social ou cultural? Ou, pelo contrário, tratar-se-á de uma participação
desinteressada, justificada apenas pelo próprio prazer de emitir opinião?
Partem estas questões da observação de um episódio particular. Em
Dezembro de 2007, surgiram informações em todos os meios de comunicação social
do país acerca da intenção do Governo de cobrar, aos portugueses, uma taxa de
utilização de sacos de plástico, em todos os supermercados e hipermercados do país.
A notícia foi objecto de debate em vários espaços de opinião pública, incluindo o
Fórum da TSF. A nota dominante nestes espaços foi, precisamente, a onda de
reacções negativas dos participantes sobre o tema. A verdade é que o Governo, pelo
menos no curto prazo, recuou, aparentemente deixando cair a intenção anunciada.
Não pretendendo analisar este caso em concreto, mas tomá-lo apenas como
pretexto, concentra-se este relatório especialmente na exploração das motivações dos
ouvintes. Para tanto, apresenta-se em matéria de conclusões o resultado de um
inquérito por questionário a uma amostra acidental de ouvintes/participantes.
Articles in scientific journals by Fábio Ribeiro
and Türkiye, as well as the comments posted by social media users on femicide news
stories, to understand the dynamics at play. Therefore, a sample from the Portuguese and
Turkish media was collected, and a one-year analysis of the mainstream news sources
was performed. The authors observed significant differences between the two countries.
The Portuguese media tends to provide little coverage on femicide, not including victims’
age and marital status and only offering a brief description of the crimes. In contrast,
Turkish media provide more thorough coverage by incorporating detailed information,
including emotional descriptions, and engaging more in sensationalism. Facebook comments show that users from both countries reveal their real identities, while Turkish comments tend to exhibit greater aggression and more spelling mistakes.
Por não se tratar de um assunto encerrado, o passado colonial pode revelar-se problemático. O conceito de lusofonia encerra, assim, algumas clivagens, não tendo sido por acaso que o acordo de formalização da CPLP (1996) tenha deixado de fora a palavra, não devido a uma mera coincidência, mas por remeter etimologicamente para uma centralidade portuguesa. E, mesmo que se afirme que já tudo foi escrito sobre a lusofonia, faltando apenas colocá-la em prática, ela não é consensual, havendo vários equívocos que têm que ser dirimidos para que se assuma na sua dinâmica pós-colonial.
Este artigo propõe observar o percurso da lusofonia através da publicação de notícias nos média online lusófonos, que permita vislumbrar o alinhamento do que vai sendo publicado em relação com as políticas desenvolvidas por alguns países membros da CPLP, principalmente em Angola. Como metodologia, foi utilizada uma amostragem não probabilística, tendo o processo sido desenvolvido por acessibilidade ou conveniência. A recolha de dados foi feita através de documentação indireta, em que na pesquisa se utilizaram as notícias dos média lusófonos que estavam disponíveis online.
dos anúncios de Natal veiculados pelas televisões portuguesas generalistas (públicas e privadas) em
2022 que mais investiram em publicidade. Os resultados sugerem as marcas de retalho como protagonistas nas campanhas publicitárias de Natal em Portugal, realizando produções de grande visibilidade, com mensagens expressivas e orçamentos avultados. Notaram-se, ainda, algumas particularidades: os retalhistas enfatizam o valor “família”, utilizando os seus próprios produtos; as empresas de telecomunicações, insistindo no valor comercial, apostam em narrativas com uma forte dimensão emocional, na medida em que são explorados temas como a solidão e a saúde mental.
de risco emitida pelas organizações de saúde
pública tem na mudança dos comportamentos da
sociedade, esta investigação pretende analisar as
mensagens-chave que a Organização Mundial de
Saúde (OMS) definiu para promover o programa
de vacinação contra a covid-19. Para cumprir este
objetivo, enveredou-se por uma metodologia de
estudo qualitativa, que privilegiou o uso da análise
do conteúdo publicado nas páginas de Facebook e
de Instagram da OMS, no período de 1 de abril a
31 de agosto de 2021. No total, foram analisadas
62 publicações. Os resultados mostraram que a
OMS utilizou quatro eixo de comunicação para
promover a importância da vacinação na sociedade:
garantir a credibilidade e a transparência da
informação transmitida; certificar a segurança
e a eficácia da vacina; apelar ao sentido de
responsabilidade coletiva; e associar a vacina à
solução para pôr fim à pandemia. As conclusões do
estudo mostram que, embora a equidade no acesso
à vacina ainda seja uma realidade em construção,
os quase 70% da população mundial vacinada
sugerem que as mensagens enviadas pela OMS
no contexto de comunicação de risco podem ter
contribuído para a construção de uma imagem
positiva do programa de vacinação.
have now other possibilities to be visible. However, this has not prevented authors Allison
Cavanagh and John Steel to publish Letters to the Editor. Comparative and Historical
Perspectives, hence delivering a passionate defence of this classic way of communication
between readers and the media. Throughout nine chapters, 15 contributors engage in a
remarkable discussion about the social, political and communicative dimensions of the
letters to the editor. It is not a one-sided manifesto: authors acknowledge several pitfalls
and downhills of citizens’ intervention in the media, as described early on.
information can be decisive to ensure people’s safety. Some digital resources
(websites, social networks and mobile applications) are currently geared towards
this purpose. This article seeks to evaluate experiences of this nature, in countries
such as Japan, Mexico, Spain, etc., through a non-probabilistic sample, a manifest and latent content analysis, and a semi-structured interview with the
head of the Fogos.pt project in Portugal. The results suggest that the exchange
of information during these periods varies between volunteering and contracting
a service. Positive contributions from citizens often go hand in hand with misinformation
campaigns aimed at misleading public opinion and creating false
solidarity campaigns.
conseguem atrair intervenções mais relevantes e oportunas.