BOOK CHAPTER by Maria João Neto
Neugotik global -Kolonial - postkolonial, 2020

Clara Moura Soares, Marize Malta (Edts) D. Maria II, princesa do Brasil, rainha de Portugal. Arte, Património e Identidade., 2019
RESUMO: A realização, nas últimas três décadas, de vários estudos monográficos centrados no patri... more RESUMO: A realização, nas últimas três décadas, de vários estudos monográficos centrados no património artístico nacional no século XIX, com base numa exaustiva pesquisa documental, permite hoje alcançar uma visão de conjunto sobre o tema e substituir uma velha historiografia eivada de lugares comuns e apreciações sem fundamento. A propósito do segundo centenário do nascimento da rainha D. Maria II, fomos tentados a repassar em análise os diplomas legais publicados durante o seu reinado referentes à nossa herança cultural, nas suas diversas vertentes. Pretendemos fazer essa leitura enquadrada sob os contributos dos estudos recentes, pois estamos certos que tal ensaio trará perspectivas mais amplas e globais àquelas que tínhamos quando, em 1990, concluímos o nosso trabalho sobre o restauro do Mosteiro da Batalha no século XIX.

CAVALCANTI, Ana, MALTA, Marize, PEREIRA, Sonia Gomes (org.), Modelos na Arte. Ensino, Práticas e Crítica. 200 anos de Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: Nau Editora, 2017
Ensino artístico na corte portuguesa do Rio de Janeiro: a escolha entre os modelos francês e ital... more Ensino artístico na corte portuguesa do Rio de Janeiro: a escolha entre os modelos francês e italiano
Michela Degortes, Maria João Neto
ARTIS - Universidade de Lisboa
A correspondência diplomática revela-nos que, em 1808, sete anos antes de Joaquim Lebreton apresentar à legação portuguesa em Paris o projeto para a criação duma Escola de Artes no Rio de Janeiro, cujo corpo docente seria composto por artistas franceses, já tinha havido uma outra proposta nesse sentido, porém envolvendo artistas sediados em Roma.
Aos olhos dos diplomatas portugueses em missão na Cidade Eterna, era claro que a precariedade do mercado da arte romano, fortemente abalado pelos espólios e destruições causados pelas invasões francesas em Itália, podia facilitar a adquisição de obras de arte contemporâneas, bem como o recrutamento de artistas então afetados pela penúria de encomendas.
Além do mais, a existência de uma Academia Portuguesa de Belas Artes em Roma, fundada em 1790 e extinta em 1805, devido às invasões napoleónicas, tinha fortalecido as relações portuguesas no meio artístico da cidade papal.
Talvez por esta razão, em 1817 — já a missão francesa estava sediada no Rio de Janeiro há mais de um ano — o ministro plenipotenciário em Roma enviava à Corte um projeto que propunha a refundação da Academia na cidade eterna. Na detalhada proposta, baseada na legislação italiana em matéria de ensino artístico, relembrava-se que o próprio conde da Barca tinha-se mostrado favorável a um plano semelhante, em 1806.
É notório que nem a ideia de enviar artistas italianos para a corte portuguesa no Rio, nem a de refundar uma academia em Roma se chegaram a concretizar. Todavia, importa refletir sobre as possíveis consequências no contexto artístico luso-brasileiro se realmente tais projetos tivessem tido consequência. Ao invés do modelo francês introduzido, que diferenças teria imposto o modelo italiano, não apenas na própria Escola do Rio de Janeiro, mas também através de uma articulação direta com Roma, por via de uma academia própria sediada na capital das artes e dos modelos neoclássicos, onde os mais poderosos países europeus, havia já muitos anos, tinham estabelecido as suas escolas de formação artística.
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BOOK CHAPTER by Maria João Neto
Michela Degortes, Maria João Neto
ARTIS - Universidade de Lisboa
A correspondência diplomática revela-nos que, em 1808, sete anos antes de Joaquim Lebreton apresentar à legação portuguesa em Paris o projeto para a criação duma Escola de Artes no Rio de Janeiro, cujo corpo docente seria composto por artistas franceses, já tinha havido uma outra proposta nesse sentido, porém envolvendo artistas sediados em Roma.
Aos olhos dos diplomatas portugueses em missão na Cidade Eterna, era claro que a precariedade do mercado da arte romano, fortemente abalado pelos espólios e destruições causados pelas invasões francesas em Itália, podia facilitar a adquisição de obras de arte contemporâneas, bem como o recrutamento de artistas então afetados pela penúria de encomendas.
Além do mais, a existência de uma Academia Portuguesa de Belas Artes em Roma, fundada em 1790 e extinta em 1805, devido às invasões napoleónicas, tinha fortalecido as relações portuguesas no meio artístico da cidade papal.
Talvez por esta razão, em 1817 — já a missão francesa estava sediada no Rio de Janeiro há mais de um ano — o ministro plenipotenciário em Roma enviava à Corte um projeto que propunha a refundação da Academia na cidade eterna. Na detalhada proposta, baseada na legislação italiana em matéria de ensino artístico, relembrava-se que o próprio conde da Barca tinha-se mostrado favorável a um plano semelhante, em 1806.
É notório que nem a ideia de enviar artistas italianos para a corte portuguesa no Rio, nem a de refundar uma academia em Roma se chegaram a concretizar. Todavia, importa refletir sobre as possíveis consequências no contexto artístico luso-brasileiro se realmente tais projetos tivessem tido consequência. Ao invés do modelo francês introduzido, que diferenças teria imposto o modelo italiano, não apenas na própria Escola do Rio de Janeiro, mas também através de uma articulação direta com Roma, por via de uma academia própria sediada na capital das artes e dos modelos neoclássicos, onde os mais poderosos países europeus, havia já muitos anos, tinham estabelecido as suas escolas de formação artística.