Capítulo 2. As Gravuras Rupestres do Lajedo de Soledade
2025, As Gravuras Rupestres do Lajedo de Soledade
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Abstract
PT: O capítulo examina as gravuras rupestres do Lajedo de Soledade a partir de uma abordagem descritiva e comparativa, fundamentada na observação direta das superfícies calcárias e nas técnicas de execução (incisão, raspagem, polimento e picotagem). Distribuídas em três áreas principais — Araras, Olho d’Água e Urubu —, essas manifestações apresentam composições predominantemente abstratas, interpretadas em sua dimensão simbólica e ritual. A análise metodológica, centrada na materialidade e na localização espacial, permite destacar a relevância das gravuras como parte essencial do patrimônio arqueológico e cultural indígena do semiárido nordestino. EN: The chapter analyzes the rock engravings of the Lajedo de Soledade through a descriptive and comparative approach, grounded in the direct observation of limestone surfaces and the study of production techniques (incision, scraping, polishing, and pecking). Distributed across three main areas — Araras, Olho d’Água, and Urubu — these manifestations display predominantly abstract compositions, interpreted within their symbolic and ritual dimensions. The methodological focus on materiality and spatial distribution highlights the engravings as an essential component of Indigenous archaeological and cultural heritage in Northeastern Brazil’s semi-arid region.
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CLIO – Arqueológica, 2021
Este artigo procura mostrar um perfil gráfico preliminar dos registros rupestres com gravuras na área arqueológica do Seridó (setor geográfico do Estado do Rio Grande do Norte), evidenciando as técnicas utilizadas, os suportes rochosos, as temáticas, a cenografia e discutir possíveis fatores ambientais nas escolhas das técnicas dos registros gráficos na paisagem natural das microrregiões (Seridó Oriental e Seridó Ocidental) da área da pesquisa. THE RUPESTRIC ENGRAVINGS OF THE SERIDÓ ARCHAEOLOGICAL AREA, IN THE STATE OF RIO GRANDE DO NORTE, BRAZIL ABSTRACTThis paper aims to show a preliminary graphic profile of the engraved rupestrian records in the archaeological area of Seridó (geographic sector of the state of Rio Grande do Norte), highlighting the techniques used, the rocky supports, the themes, the scenography and discussing possible environmental factors in the choices of graphic recording techniques in the natural landscape of the micro-regions (Seridó Oriental and Seridó Oes...
Revista de Geociências do Nordeste, 2016
Este artigo objetiva apresentar os principais aspectos da geodiversidade do Lajedo de Soledade no município de Apodi/RN com foco em sua potencialidade geoturística. Os procedimentos metodológicos estão fundamentados em trabalho de campo e pesquisa bibliográfica. São apresentados os aspectos da geodiversidade e a importância de sua conservação, como rochas, formas de relevo e seus elementos associados como sítios arqueológicos e paleontológicos. Por fim, sugere-se um planejamento prévio para desenvolvimento do geoturismo.
Apresentam-se neste texto os resultados dos trabalhos de investigação desenvolvidos sobre a arte rupestre esquemática da Serra de S.Mamede, em Portugal, no âmbito do Projecto ARA, desde 2009 até 2012. Os resultados dos levantamentos, prospecções, escavações arqueológicas efectuadas e datações obtidas são aqui apresentados. Sumariamente referem-se também os novos abrigos com arte rupestre recentemente identificados nas encostas espanholas da Serra de S.Mamede.
Revista Noctua - Arqueologia e Patrimônio, 2018
RESUMO: O sítio Jambreiro é um abrigo sob rocha implantada na bacia do rio Araçuaí, nordeste de Minas Gerais, em terra do município de Felício dos Santos. Trata-se de um lugar ocupado em longa duração e dadas às suas características geomorfológicas, foi identificado como sítio de passagem, com base nas análises regionais com enfoque no conceito de paisagem. O principal repertório cultural do sítio é a arte rupestre e este artigo trata acerca de um dos painéis do sítio (painel 03), confeccionado no teto do abrigo. Teórico e metodologicamente tem-se pensado os painéis como uma estrutura, um todo, que deve ser observado para além de suas camadas de confecção. Logo, sob um recorte metodológico, nos deteremos às pinturas, focando no estudo de suas características formais e buscando o entendimento de como foram produzidas por meio de um pensamento cuja estrutura de organização poderia ser, a priori, deduzida, enquanto projeto do trabalho humano. ABSTRACT: The Jambreiro archaeological site is a rock shelter located in the Araçuaí river basin, northeast of Minas Gerais, in the municipality of Felício dos Santos. It is a place occupied for a long term and given its geomorphological characteristics, it was identified as a crossing point site, based on the regional analyzes focusing on the landscape concept. The main cultural repertoire of the site is rock art and this article deals with one of the panels of the site (panel 03), made in the ceiling of the shelter. Theoretically and methodologically the panels have been thought of as a structure, a whole that must be observed beyond their layers of production. Therefore, under a methodological scope, we will focus on the paintings, focusing on the study of their formal characteristics and seeking to understand how they were produced through a thought whose organizational structure could be, a priori, deduced as a project of human work.
As histórias da humanidade se constituem daquilo que resta dos apagamentos, esquecimentos e silenciamentos do vivido. Mas pode a arte visual colocar em xeque as narrativas hegemônicas da humanidade e insurgir com versões, personagens e perspectivas outras? Romper com certa ordenação do passado e do presente, sugerir desvios e linhas de fuga, abrir fissuras na solidez dos fatos? Ajudaria a pensar o que há de ficcional na História? Daria a ver apagamentos que produzem regimes estético-políticos? Minha hipótese é que sim: alguns trabalhos de arte podem provocar as certezas, abalar as estruturas, ouvir os silêncios. Ela se fundamenta na obra de Adriana Varejão, em especial no seu Mapa de Lopo Homem II, onde aquelas questões emergem como pistas a serem perseguidas. É o caminho investigativo que proponho aqui: descobrir aonde o mapa nos leva com sua violentada imagem de mundo, suas ordens e subversões. Palavras-chave: História da Arte; Teoria e Crítica de Arte; Arte Contemporânea; Estética e Política; Pintura.
ARKEOS - perspectivas em diálogo, n.º 15, 2005
CLIO – Arqueológica, 2009
se um conjunto de sítios que pode ser filiado ao estilo Serra da Capivara da Tradição Nordeste. De fato, a temática e a tecnologia de representação enquadram-se diretamente naquele sistema gráfico, ainda que na região diamantina possam ser identificadas algumas particularidades. Os três sítios analisados no artigo constituem exemplos de referência, sobre das expressões particulares com que esse estilo se manifesta na região central baiana.
Anais do X Simpósio de História Cultural, 2022
A presente comunicação tem como objetivo primordial, propor uma reflexão acerca da importância de se analisar as contribuições historiográficas e socioculturais de textos literários, com o objetivo de sugestionar o conhecimento sobre as questões presentes nas memórias e nos processos construtivos de narrativas que atendam a interesses e visões de diferentes segmentos sociais na passagem inexorável do tempo. Para tal, pretende-se estabelecer um diálogo entre as obras “História de tia Nastácia” (livro) e “Urupês” (conto) de Monteiro Lobato (1882-1942). Adotando esses referenciais, busca-se através dessa ponderação, apresentar a relação do autor e as obras selecionadas, com a conjuntura ideológica da época, na qual foram compostas, bem como, tais concepções o influenciaram. A partir de tais prerrogativas, buscar-se-á argumentar a escrita da História, as memórias estabelecidas e suas consequentes convicções sociais.
De repente, surgem nessa maquininha de comunicação tecnológica e íntima histórias típicas e saborosas de fatos e coisas acontecidas nas bandas da Borborema, serra caprichosa e agreste nas terras da Parahyba. Parahyba essa que, sem dúvida, tem um cronista de méritos por dentre os mistérios do berço das assombrações da antiga Capitania, antes, muito antes do enigmático NEGO. Prazerosa leitura, boa de fazer comendo bananas com bolachas, no fim da tarde. Mistérios da Borborema, lembrando sutilezas e cadências rítmicas da Albion. Campina Grande expande-se até Viena, Zurich e Gantois, em São Salvador da Bahia. Mandingas, dribles saxônicos em peladas paraibanas, "felis catus" negros, em sopas vodoosianas, permitem sentir a alma ranhenta típicas dos cultos do sincretismo e premonições místicas brasileiras. Cheiros e sabores do Nordeste profundo acompanhados na melodia sincopada da sua cadência peculiar de contar mistérios, assombrações no rústico da dureza da vida seca do sertão, com as fanfarras harmônicas de parceirada com Balthazar Gracián, de Calatayud, beira agreste gelada aragoneza de Zaragoza, pedras altas como a dos altos da Bodopitá, na Borborema. Mas, que rezava na Prudência que "precisando sempre ser prático na vida", como o monsenhor Romualdo, ao rezar as missas consagratórias da Pedra de Santo António, o foi, e da mesma forma Raimundo Nonato expandindo com muita praticidade seus talentos empreendedorísticos com os apoios incansáveis do Sebrae. Realismo fantástico paraybano à Alcides Santos, vai às alturas. Narrativa cadenciada, adentra no âmbito mágico, do Mestre Poe. Compensações e vislumbres mágicos que expande a Borborema às trovejantes montanhas do Apalache. Tormentosas. No meu caso como adepto e cultor do Santo António de Lisboa que é o mesmo de Pádua, acrescento agora a sensibilidade necessária de buscar no sincretismo a força de Exu. Coisa séria e mística, esse triangulado da fé. Ilha de Itamaracá, tempos de 2020 O CONTO Naquela noite, em uma Roda de Conversa fantástica, discutíamos sobre o Conto. Para abrir o debate, falei que, engenheiro, dedicado toda minha vida a relatórios técnicos/científicos e semelhantes textos, obrigatoriamente objetivos, claros e concisos, tinha como sonho escrever uma novela ou, talvez, um romance, e que, para concretizar minha aspiração, imaginava começar produzindo um pequeno Conto. André Jolles, escritor holandês, retrucou: o "Conto só adotou verdadeiramente o sentido de forma literária determinada, no momento em que os irmãos Grimm deram a uma coletânea de narrativas o título de "Contos para Crianças e Famílias". Do outro lado da mesa, Jorge Luis Borges, argentino, advertiu, vendo mais longe: "Como escritor, pensei durante anos que o Conto estava acima de meus poderes e foi só depois de uma longa e indireta série de tímidas experiências narrativas que tomei assento para escrever histórias propriamente ditas. " Ao lado dele, Machado de Assis, pensativamente, apoiou "É género difícil, a despeito de sua aparente facilidade. " Esses depoimentos me pegaram de surpresa e fiquei ainda mais admirado quando Guy de Maupassant, francês, que estava a meu lado, aduziu: "Escrever contos é mais difícil do que escrever romances. " No mesmo embalo, Moacyr Scliar, brasileiro, discorreu, do alto da sua competência: "Eu valorizo mais o Conto como forma literária. Em termos de criação, o Conto exige muito mais do que o romance… Eu me lembro de vários romances em que pulei pedaços, trechos muito chatos. Já o Conto não tem meio termo, ou é bom ou é ruim. É um desafio fantástico. As limitações do Conto estão associadas ao fato de ser um gênero curto, que as pessoas ligam a uma ideia de facilidade; é por isso que todo escritor começa contista." Confesso que estava surpreso com o que ouvia naquela Roda de Conversa. Por isso me atrevi a perguntar aos circunstantes: Mas, afinal, o que é um Conto? Enrique Aderson Imbert, escritor argentino, respondeu curto e grosso: "O Conto é um problema e uma solução." Fiquei na mesma. Aí, Ricardo Piglia, também portenho, veio em meu socorro, sendo mais didático: "Conto uma história como se estivesse contando outra. Narro uma história 'visível', disfarçando, escondendo uma história secreta. Narrar é como jogar pôquer: todo segredo consiste em fingir que se mente quando se está dizendo a verdade. É como se o contista pegasse na mão do leitor e desse a entender que o levaria para um lugar, mas, no fim, leva-o para outro". D.H. Lawrence, inglês, meteu-se na Conversa tentando ajudar: "O leitor deve confiar no Conto, não no contista." Ricardo Piglia riu e concluiu seu raciocínio: "Pode-se programar a trama, os personagens, as situações, conhecer o desenlace e o começo, mas o tom em que se vai contar a história é obra de inspiração. Nisso consiste o talento de um contista." ROSA DE TAPEROÁ Meu tio-avô Lucas, irmão do pai de meu pai, tropeiro na década de trinta, conduzia récuas de burros de carga pelo sertão da Paraíba, principalmente entre Patos e Campina Grande. Sendo bom de boca, durante uma dessas viagens parou na casa de um senhor de terras em Soledade, onde almoçou lauto cozido de bode, com respectiva buchada, na companhia de uma branquinha da Região, de muito boas referências. Terminada a pantagruélica refeição, caiu um forte aguaceiro. Tio Lucas, estando com pressa, saiu tangendo suas mulas debaixo da chuvarada, o que foi suficiente segundo Dona Céu, minha mãe, para vir a padecer de uma "congestão" que, ao final, deixou como sequela o seu ingresso em um universo de fantasias, fantasmas e espectrais personagens, que passaram a acompanhá-lo até a noite em que, talvez, a eles se juntou, décadas depois. Lembro de alguns desses ditos-cujos, sobre quais ele, vez por outra, comentava: Guaxumão, Canheta, Capirocho, Pé-de-Bode, Mofento, Maligno. Deles, o que meu tio mais execrava era o tal do Maligno. -Esse cidadão só está nesse mundo para furtar e acaçapar meus pertences! Com medo que Maligno aliviasse suas roupas, ele, quando em suas andanças por Campina, vestia-as, uma por sobre as demais. Tio Lucas passou a ser conhecido em Campina, até o fim da sua vida, pela alcunha de "Guarda-Roupa". Eu, claro, adorava ouvir as histórias que Guarda-Roupa me contava, principalmente as mais estrambóticas, pitorescas e assombrosas. Uma vez estávamos no terraço do inacabado Castelo da Prata, no alto de Campina Grande, nos cimos da Borborema, quando ele me falou de Rosa, filha do Major Firmino, de Taperoá. Contava-me que o Major era louco por sua filha caçula, moça muito bonita, de pele macia, bochechas rosadas, cabelos castanhos, viçosos e encaracolados, de gestos elegantes e graciosos. O pai a contentava, quando podia, em todos os seus caprichos. Rosa estava comprometida com o filho de Zeca Tenório, da família Suassuna, rapaz de muito boa cepa, nascido Gabriel, por ela amado de paixão. -Mas, completou meu tio-avô, mesmo com todas essas qualidades, Rosa, infelizmente, era, também, uma cabecinha-de-vento. Ela gostava -e muito-de dançar, cantar e se divertir. Era bem dela estar sempre à procura de pretextos e desculpas para festejos e para promover danças em sua casa. Dias antes do Carnaval, começou a agoniar o Major: -Meu pai, na terça-feira de Carnaval vamos fazer coisa diferente: uma quadrilha carnavalesca! Preciso que você mande trazer de Campina o Zequinha do Acordeon, que é o melhor sanfoneiro da Região, com o rapaz do zabumba e o outro do triângulo! Rosa atormentou tanto seu pai que ele acabou por consentir. No entanto, o Major, sertanejo muito religioso e conhecedor do temperamento da filha, advertiu: -Tudo bem minha filha, mas você tem que ter cuidado. Neste dia estaremos entrando na Quaresma, nas preparações para a Páscoa. Você sabe, a Quaresma é uma quadra de penitência, de jejum e de abstinência. Dança depois da meia noite da terça de carnaval, nem pensar! Seria pecado mortal! Meia noite, para tudo! Rosa, exultante, beijou o pai e prometeu respeitar a tradição cristã. Passou o resto da semana preparando o salão da casa, decorando o terraço e providenciando bebida e comida. Finalmente, a terça-feira de carnaval chegou. No Sertão, as notícias -sejam boas ou más-correm rápido. Quando se soube da festa na casa de Rosa, apareceram, além de todos os convidados, entre os quais, meu tio, alguns penetras (um deles cearense) e mais dois outros sanfoneiros, tão bons quanto os melhores. Desde cedo e pela noite adentro, a quadrilha de carnaval correu no maior sucesso. Todo mundo dançando, rindo, namorando e brincando. Lá fora, começou uma chuvarada e ninguém prestou atenção. Os bramidos das rajadas de vento eram facilmente encobertos pela música dos xaxados, maracatus e baiões. Rosa arrebatada, dançando como gostava, não cortava ninguém. Aceitava, disposta e incansável, todos os pedidos. Gabriel, seu noivo, sentia-se um pouco largado, mas, vendo Rosa tão bonita e alegre, guardava sua impaciência e seu ciúme, pensando que, em breve, estariam unidos para toda a vida. Major Firmino, observava a felicidade da filha. De repente, adentra o terreno da casa um cavaleiro soberbamente vestido, todo de preto e prata, montando um magnífico corcel, também negro, argentinamente ajaezado. Era um conjunto tão bonito e imponente que a música e os dançarinos pararam. O gentil-homem apeou, raspou o barro das botas com uma bela faca Caroca, daquelas de Lampião, e perguntou respeitosamente: -Posso entrar? O Major Firmino apoiou: -Claro senhor! Venha e se divirta um pouco. Este não é um tempo para se viajar! O estranho tirou o guarda-pó, mas manteve o chapéu e as luvas. "Um costume nosso", sussurrou justificando, enquanto se dirigia ao salão. Não teve quem não ficasse impressionado com tão bela e intrigante figura. No pátio, a meninada comentava espantada os fortes e vaporosos bufos do bucéfalo negro que, preso ao poste da cerca, sustentava o olhar arrogante dos puros-sangues. Mas, o que deixou mesmo os meninos espantados foi quando notaram que, onde os cascos do ginete haviam pisado, o barro...

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