Abstract
Este artigo procura contribuir para o estudo da recepção de Friedrich Nietzsche na obra de Gilberto Freyre, especialmente em sua interpretação da cultura e da sociedade brasileiras, a partir do cotejo entre textos de Freyre e os livros de e sobre Nietzsche preservados em sua biblioteca pessoal, mantida pela Fundação Gilberto Freyre, no bairro de Apipucos, em Recife. Compreende o entendimento do conceito de perspectivismo em Nietzsche como um processo de identificação que, por um lado, estimula Freyre a questionar teorias evolucionistas, deterministas e racialistas predominantes, mas, por outro, justifica o uso e o abuso de Nietzsche. Para tanto, o artigo considera a intermediação da interpretação de Henry L. Mencken na leitura de Nietzsche por Freyre.
References (41)
- Nietzsche, F. A gaia ciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 240.
- Ibidem, p. 277.
- Nietzsche, F. Além do bem e do mal: prelúdio a uma filosofia do futuro. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 16.
- Ibidem, p. 107.
- Nietzsche, F. Assim falou Zaratustra: um livro para todos e para ninguém. São Paulo: Compa- nhia das Letras, 2011, p. 51-52.
- Dewulf, J. New Man in the Tropics: The Nietzschean Roots of Gilberto Freyre' s Multiracial Identity Concept. Luso-Brazilian Review, v. 51, n. 1, p. 93-111, jun. 2014, p. 103. O que nos faz pensar, Rio de Janeiro, v.32, n.55, p.67-95, jul.dez.2024 1921, p. 1.
- Freyre, G, 2006, p. 127.
- Ibidem, p. 41.
- Ibidem, p. 54.
- Ibidem, p. 42.
- Nietzsche, F. Aurora: reflexões sobre os preconceitos morais. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 265-266.
- Ibidem, p. 266.
- Ibidem, p. 267-268.
- Freyre, G, 2006, p. 110.
- Nietzsche, F, 2000, p. 272. Na tradução de A.-M. Desrousseaux: "L'exigence d'être aimé est la plus grande des prétentions." Cf. Nietzsche, F, 1921, p. 186.
- Ibidem, p. 132, tradução nossa. No original: "By nature, the youth was on guard against his emotions. His poetry, where one might reasonably expect the suppressed 'weakness' to show, is predominantly masculine, unemotional, even anti-emotional". 46 Ibidem, p. 161.
- Mencken H. L, apud Goldberg, I, op. cit., p. 163, tradução nossa. No original: "an aristocracy must constantly justify its existence".
- Goldberg, I, op. cit., p. 162, tradução nossa. No original: "This cruelty, -this echo of the Nietzsche who hated most of all the Socialists".
- Referências AMARAL, A. Os intelectuais e a constituinte. Diário de Pernambuco, Recife, ano 106, n. 191, p. 1, 23 ago. 1931.
- BRINTON, C. Nietzsche. 2. ed. Cambridge: Harvard University Press, 1948.
- DEWULF, J. New Man in the Tropics: The Nietzschean Roots of Gilberto Freyre' s Mul- tiracial Identity Concept. Luso-Brazilian Review, v. 51, n. 1, p. 93-111, jun. 2014.
- DIAS, G. Nietzsche no Brasil (1922-1945): modernistas e intérpretes do país. São Paulo: Editora Unifesp; Grupo de Estudos Nietzsche, 2023.
- FREYRE, G. Casa grande e senzala. Edição crítica, Guillermo Giucci, Enrique Rodrí- guez Larreta e Edson Nery da Fonseca, coordenadores. Madri; Barcelona; La Habana; Lisboa;
- Paris, México; Buenos Aires; São Paulo; Lima; Guatemala, São José: ALLCA XX, 2002.
- FREYRE, G. Da outra América. Diário de Pernambuco, Recife, ano 97, n. 277, p. 1-2, 23 out. 1921.
- FREYRE, G. Gilberto Freyre: "minha frustração é não ter sido governador de Pernam- buco". Entrevista a Lêda Rivas. Diário de Pernambuco, Recife, ano 155, n. 72, seção C, p. 1, 15 mar. 1980.
- FREYRE, G. Mencken. Diário de Pernambuco, Recife, ano 99, n. 247, p. 3, 25 out. 1923. FREYRE, G. Novo mundo nos trópicos. Trad. Olívio Montenegro e Luiz de Miranda Cor- rêa, revista pelo autor. São Paulo: Editora Nacional e Editora da USP, 1971.
- FREYRE, G. Ordem e progresso. São Paulo: Global, 2013.
- FREYRE, G. Tempo morto e outros tempos: trechos de um diário de adolescência e pri- meira mocidade (1915-1930). 2. ed. São Paulo: Global; Recife: Fundação Gilberto Freyre, 2006.
- GARCIA, A. L. M. Gilberto Freyre encontra Nietzsche: diálogo crítico e relevância histórica. Estudos Nietzsche, Espírito Santo, v. 7, n. 2, p. 8-28, jul./dez. 2016.
- GISEL, P. Perspectivismo nietzscheano e discurso teológico. In: Nietzsche e o Cristia- nismo. Trad. Lucia Mathilde Endlich Orth. Petrópolis: Vozes, 1981, p. 102-112.
- GOLDBERG, I. The Man Mencken: A Biographical and Critical Survey. New York: Si- mon & Schuster, 1925.
- LEFEBVRE, H. Nietzsche. Trad. esp. Angeles H. de Gaos. Ciudad de México: Fondo de Cultura Económica, 1940.
- NIETZSCHE, F. A gaia ciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
- NIETZSCHE, F. Além do bem e do mal: prelúdio a uma filosofia do futuro. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
- NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra: um livro para todos e para ninguém. São Pau- lo: Companhia das Letras, 2011. Nietzsche em Apipucos O que nos faz pensar, Rio de Janeiro, v.32, n.55, p.67-95, jul.dez.2024
- NIETZSCHE, F. Aurora: reflexões sobre os preconceitos morais. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
- NIETZSCHE, F. Humano, demasiado humano: um livro para espíritos livres. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
- NIETZSCHE, F. Humain, trop humain: première partie. Trad. A.-M. Desrousseaux. Paris: Mercure de France, 1921. vol. 2.
- PALLARES-BURKE, M. L. G. Gilberto Freyre: um vitoriano dos trópicos. São Paulo: Editora UNESP, 2005.
- REGO, J. L. do. O Nietzsche de Hitler. Diário de Pernambuco, Recife, ano 117, n. 173, p. 3, 26 jul. 1942.