Anais do Congresso - Poeticas 2022
2022, Saber viver juntos [recurso eletrônico] : um dilema da contemporaneidade
Abstract
O que se constrói nesse saber viver juntos? Este foi o tema que norteou o encontro de pesquisadores ibero-americano durante o XI POÉTICAS, ES 2022. O seminário reuniu artistas, professores e pesquisadores em torno do debate sobre o que pode se construir nesse momento póspandemia, no qual estamos acelerados pelas tecnologias da informação que nos projetou em um mundo que era fantasia até alguns anos: webencontros síncronos que encurtam os espaços e que são capazes de tornar o tempo simultâneo. Nunca o aqui e agora foi tão explícito. Mas, o que fazer nesse novo modo de viver juntos ainda não nos é claro. E complica mais ainda, se pensamos nos modos como essa ideia de simultaneidade afeta o nosso cotidiano e o processo criativo. Esse tema norteou as palestras e comunicações desse evento, além de conduzir os participantes a refletirem sobre as interações possíveis do processo de criação individual e/ou coletivo realizados nos ecossistemas urbanos, cuja existência em si sempre foi simultânea, mas sua percepção era mediada por uma distância geográfica que afetava o tempo com o qual a percebíamos. Agora, de maneira sem igual, os modos de existir do ciberespaço nos colocam frente a frente, num tempo síncrono que altera nossa ideia tradicional de tempo e espaço. Viver simultaneamente exige um ouro modo de saber viver juntos, demarca fazeres e saberes que constituem territórios estéticos, simbólicos ou físicos que fazem parte do cotidiano pessoal (do artista ou do coletivo de artistas), assim como do contexto social e cultural, porém, agora, em escala global e síncrona. A diversidade das manifestações desses pesquisadores revela um conjunto de novas simultaneidades que constroem essas outras possibilidades de viver juntos, não mais limitados pela ideia de presente ou ausente, de perto ou de distante. Os novos tempos agora permitem a sincronicidade, modo de existir e interagir sem o limite da espacialidade na qual o presente físico ou remoto existia; ambos agora coexistem e se falam, se tocam, se sentem, como se o existir apenas exigisse a própria existência. Esse novo modo de habitar o cotidiano vivido exige um enfoque que considere tanto em aspectos éticos e estéticos dos conceitos de propriedade privada (que demarca nossa ideia de autoria) e dos modos de fazer das práticas artísticas em tempos determinam falência da ideia de verdade e do emergente revisionismo histórico necessário e imposto pela era do ciberespaço – não sabemos se isto decorre da crise pandêmica, ou se simplesmente foi isto o fenômeno catalisador de uma crise sanitária que mudou os nossos modos de estar juntos, desde os anos de 2020. O mundo nunca esteve tão interligado física e ciberneticamente. As velocidades mudaram para o circular dos corpos. Os vírus, nano corpos, circulam também nessa onda. Tempos para refletir. Vitória, ES, Dezembro de 2022
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